Uma franquia que de fato conseguiu entrar na mente de adolescentes, adultos e crianças na primeira década do século XXI foi Harry Potter. Com base nos livros homônimos da britânica J. K Rowling, o mundo bruxo de Hogwarts já estava consolidado. O perigo do retorno de Lorde Voldemort ainda era distante, e Harry Potter vivia seus próprios perigos dentro da escola de magia. Porém, se O Prisioneiro de Azkaban dava um foco ainda maior em momentos sinistros, seu sucessor tinha a responsabilidade de ir além. Além do retorno daquele que não se deve nomear, o ano de estudos é focado também no Torneio Tribruxo. Uma competição que, como diz Alvo Dumbledore, deixa seus campeões isolados. Será então que o filme Harry Potter e o Cálice de Fogo consegue manter ou melhorar o nível das produções da Warners Bros? É o que veremos nesta Crítica.
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Tempos difíceis nos aguardam Harry, e em breve teremos que escolher entre o que é certo e o que é fácil.
Alvo Dumbledore (interpretado por Michael Gambon) em Harry Potter e o Cálice de Fogo.
Não espere por um mundo sombrio e bem iluminado. Aqui, as Trevas estão bem mais próximas. E o perigo está em qualquer lugar, mesmo dentro de Hogwarts:
Primeiramente, o que mais chama a atenção em Harry Potter e o Cálice de Fogo é definitivamente a sua mudança de tom. Como dito, o Prisioneiro de Azkaban começou essa maturação de personalidade, colocando um perigo mais latente do que as aventuras infantis anteriores. E o Cálice de Fogo consegue colocar ainda mais audácia, que logo aparece em sua cena introdutória e sua estética. Tons bem mais sombrios, ora se agrupando para o verde, ora para o azul, vemos um cemitério onde o que seria Voldemort e alguns Comensais da Morte matarem um pobre homem. Nagini, a serpente e fiel escudeira do Lorde das Trevas faz sua apresentação se contorcendo pelo chão. E somente com essa cena, percebemos que esse “esfriamento” dentro do mundo mágico. Como se tudo fosse perdendo a esperança. Mesmo em dias claros, há uma saturação que mostra esse perigo.
A trilha sonora, embora não seja tão aclamada quanto a produzida por John Willians, mantém um acorde bastante consistente e óbvio. Não sendo uma representação de destaque é verdade, mas consegue trazer em especial um fôlego para o Torneio Tribruxo. Que aliás a sonoplastia de toda a estrutura do longa, essa sim deve-se destacar. É possível perceber alguns diminutos chiados, alguns barulhos estranhos que causam uma certo desconforto proposital. Como estamos em um filme ainda mais tenso, é natural que esses artifícios devam ser utilizados. Em especial quanto ao Torneio, temos que Hogwarts foi confirmada a celebrar um torneio entre três escolas de magia europeia, a francesa Beauxbatons e a nortenha Durmstrang. Além de dar uma renovada e aumentar o conceito de mundo mágico, o Torneio Tribruxo ganha destaque especial em Harry Potter e o Cálice de Fogo.
Se tudo está mais sombrio, também está mais perigoso. Como Torneio Tribruxo em O Cálice de Fogo, além de conflitos internos, Harry chegará até o limite com suas tarefas. Uma pior do que a outra. Mas todas muito bem feitas esteticamente:
Isso pelo fato de que no filme sem dúvida, seu diretor, o estreante na franquia Mike Newell sabe como filmar cenas de ação. Todas as três principais tarefas que culminam no retorno do Lorde das Trevas são perfeitamente bem produzidas para a ação. A corrida na vassoura contra um Rabo Córneu Húngaro, a primeira tarefa é bem dirigida ao ponto de não ser uma simples colcha de retalhos. Ela consegue a adrenalina que Harry Potter sente ao voar por Hogwarts. A tarefa do Lago Negro apresenta uma das mais belas produções de cenários, bem diferente do que então já foi visto na franquia. E em Harry Potter e o Cálice de Fogo temos finalmente sua terceira parte, um clímax que se mescla com um labirinto calamitoso e um cemitério verdadeiramente aterrador. Todo o terceiro ato, sem sombra de dúvida, tem um aprimoramento visual e de efeitos especiais otimizados.
Continuando a Crítica, é inegável que a franquia começou com seus principais atores ainda muito novos. E suas atuações não conseguiam adentrar com maestria o que era solicitado. Contudo, a idade foi passando, a aventura ficou ainda mais sinistra e houve uma melhora na composição de cada personagem. Em especial de Ronald Weasley e Hermione Granger, vividos respectivamente por Rupert Grint e Emma Watson. Do primeiro, embora chegando ao caricato, é possível compreendê-lo como o momento cômico de um filme que precisava de alguma coisa para sair da sobriedade. E Rony consegue, mesmo que com uma história que peca em alguns pontos. Já Hermione, a eterna meio sangue intelectual tem seus próprios momentos de solidão e necessidade de controlar seus sentimentos. Em teoria, todos os personagens devem possuir em torno de 15 ou 16 anos, então é óbvio que uma parte amorosa estaria presente.
As atuações melhoram, e essa Crítica sabe disso. Contudo, muita coisa se condensa e toda a parte que conta dos temores e casos amorosos de Hogwarts praticamente é uma perda de tempo diante de tudo que está acontecendo:
E isso de fato é um problema sério no filme Harry Potter e o Cálice de Fogo. Aqui, a história apresenta personagens extremamente importantes (Bartolomeu Crouch e Olho Tonto Moody por exemplo), e faz questão de diminuir a aparição de outros (como Sirius Black, de Prisioneiro) justamente para colocar entre os perigos de cada tarefa aquele problema adolescente. Uma espécie de romance que, em nenhum momento se encaixa. E, diferente do jovem Weasley, não ajuda a quebrar uma simetria de perigo e suspense, ela simplesmente despenca o longa em algo monótono em algumas partes. É impressionante como Harry Potter e o Cálice de Fogo consegue produzir cenas de qualidade, como a primeira aula ministrada por Olho Tonto Moody, onde ensina as Maldições Imperdoáveis e a já dita batalha no Cemitério, para momentos que beiram ao desleixado. Até se tenta criar uma profundidade, mas não se consegue.
Isso é especialmente visível pois Newell é um bom diretor de ação, mas não se cenas que exijam algo além de corrida e perigo. E é por isso que, em determinados momentos, é possível perceber que Harry Potter e o Cálice de Fogo é um filme ambíguo. Não fazendo nenhuma analogia para com os livros, pois são narrativas distintas, embora se baseie, o filme, mesmo com suas barrigas desenhadas chega a um terceiro ato que realmente é otimizado por toda a estrutura que criou. Em especial pela atuação do ator Ralph Fiennes, que aparece de fato pela primeira vez como Voldemort. É como se o Cálice de Fogo detivesse uma trama episódica dentro de si, o famoso Torneio Tribruxo que por si só é capaz de chamar a devida atenção, mas que ao fundo consegue se unir em um mesmo caminho para explicar o retorno do Lorde das Trevas.
Divertido? Sim! Disso não se tem muita dúvida. Porém, com um leve toque abaixo de seu antecessor, o Prisioneiro de Azkaban. Parecido dentro de sua franquia com o que acontece com Indiana Jones e o Templo da Perdição:
Assim, um dos argumentos mais próximos de uma Crítica é saber se um filme consegue divertir. E Harry Potter e o Cálice de Fogo acaba também caindo em uma espécie de limbo também nesse quesito, pois dependerá exatamente do que o espectador deseja ver. E não é o Espelho de Ojesed no caso. Obviamente, o Cálice de Fogo aprimora ainda mais a existência de Hogwarts e da magia dentro do mundo real. E, com as cenas de ação, que de fato são o ponto chave do longa, é possível dizer que O Cálice de Fogo coloca o pé no acelerador em relação ao seu antecessor. Logo, se o espectador aproveitou o primeiro gosto com Dementadores e criaturas sinistras do terceiro filme, muito provavelmente achará esse filme um avanço ao longa. E sim, divertido, mesmo com seus deslizes de narrativa.
No estalar de todos os ovos de dragão, Harry Potter e o Cálice de Fogo não é perfeito, e está de certa forma longe de o ser. Embora detinha história suficiente para ser um dos melhores da franquia. Mas consegue se divertir e ser o degrau derradeiro para as mudanças da franquia:
Desta forma, Harry Potter e o Cálice de Fogo é uma espécie de acerto dentro de uma rede de erros, alguns oriundos de sua fonte original, outros não. E essa Crítica sabe disso. Primeiramente, os aspectos mais técnicos do filme são evidentes. Mesmo que um pouco pior em termos artísticos, a direção consegue trazer imagens com um vislumbre sinistro ao mesmo tempo que as cenas de ação são muito bem dirigidas. É um deslumbre ver cada uma das tarefas do Torneio Tribruxo, que aliás é uma narrativa com sua própria história e que conseguiria por si mesmo trazer o filme em seus bons momentos. O Lago Negro, o Cemitério, são apenas algumas produções locais que conseguem se conectar na mente do telespectador, juntamente de seus efeitos especiais. A melhora na atuação dos personagens e a aparição de novos membros não o torna excelente, mas um avanço de seus antecessores.
Agora, entretanto, o filme também se perde. E em grande parte em seu apreço de ser próximo ao livro, salvo algumas exceções. A narrativa parece ainda mais episódica, tal como Pedra Filosofal e Câmara Secreta, porém, já em uma estrutura da franquia onde isso não precisaria, e com um primeiro ato que já indaga a história principal, o retorno de Voldemort. Porém, o grande problema são os vales que são formados entre as cenas de ação e as cenas mais mundanas de Hogwarts e de seus habitantes. Tende-se a criar uma espécie de alívio cômico ou um conflito entre os amigos, mas acaba se tornando algo chato e monótono. Provavelmente, o espectador preferia estar vendo bem mais das tarefas do Torneio do que problemas de encontrar uma pessoa para o Baile. A própria produção sabe disso e por isso se foca naquilo que faz de bom.
Recomendado para quem? Pela Crítica, você gosta de um filme que tenha uma quantidade considerável de cenas de ação ou conheça o mundo mágico figurado por J. K Rowling, com toda certeza é necessário. Especialmente, é ótimo conduzir sua experiência em maratona dentro da franquia.
Desta forma, esta Crítica pode destacar que Harry Potter e o Cálice de Fogo é um filme recomendado, mesmo com seus problemas focados em sua narrativa. Não que a história de um Torneio mortal entre bruxos não seja excelente. Ela o é. No entanto, acaba tendo que dividir tempo de tela com o retorno do Bruxo das Trevas mais poderoso de todos os tempos e ainda com o dia a dia dos alunos de Hogwarts. Claro que, sendo o mais focado em ação, o espectador terá momentos que o agradará com satisfação, além do já dito terceiro ato, que fecha com maestria todo o ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. No fim das contas, Harry Potter e o Cálice de Fogo é mais um trampolim dentro da franquia para um mundo cada vez mais sombrio, com o retorno de Voldemort e dos Comensais da Morte.
* Harry Potter e o Cálice de Fogo está disponível dentro do serviço de streaming da HBO, a HBO Max. Sendo assim possível o Guariento Portal produzir esta Crítica. Agora, se você caro leitor curtiu a Crítica desse filme, saiba que o Guariento Portal possui uma aba exclusiva para filmes, em especial os de terror. Assim, além de todos os filmes da franquia Annabelle, um dos spin-offs de Invocação do Mal, também é possível encontrar Halloween de 2018, o filme Verdade e Desafio, o remake de A Morte do Demônio e a franquia Hellraiser. Desde a Pedra Filosofal até as Relíquias da Morte. Assim, pode ter crítica até dar e vender no Guariento Portal. Que aliás, esperamos fazer uma nova Crítica em breve.
Números
Harry Potter e o Cálice de Fogo (2005).
Voldemort está de volta. E a vida de Harry Potter, seus amigos e de todo o mundo bruxo está em perigo. O Torneio Tribruxo vem para afetar amizades e com perigos constantes. Basicamente, isso é Harry Potter e o Cálice de Fogo, que abraça de vez um tom soturno e mais adulto de Harry Potter.
PRÓS
- Estrutura mais sombria e adulta, mostrando o desenvolvimento da história.
- Cenas de ação são bem produzidas e competentes, e não uma colcha de retalhos.
- O Terceiro Ato é um derradeiro clímax com o renascer de Voldemort.
- Melhora na atuação dos atores e bons agregados.
- Expansão do mundo bruxo já consolidado com a inclusão de novas escolas.
CONTRAS
- Narrativa se arrasta em determinados pontos, se perdendo entre o casual, o episódico e o principal.
- Cortes de personagens importantes de longas anteriores e poucas cenas de impacto que não sejam as de ação.