Desde que apareceu no Universo do terror, em 2004 com Jogos Mortais, James Wan foi criando sua própria cinegrafia nesse gênero. Além de Gritos Mortais e do sucesso de Jigsaw, a franquia de filmes Invocação do Mal trouxe de volta aos cinemas um gênero de possessão com uma carga maior. Isto é, conseguindo unir história com o suspense e sustos dignos de clássicos como o próprio O Exorcista. No entanto, agora como Diretor Executivo, a centelha de Invocação do Mal é passada para as mãos de Michael Chaves com A Ordem do Demônio, disponível por meio do aplicativo de streaming HBO Max. Trazendo mais um dos casos de Ed e Lorraine Warren, o espectador é levado a batalhar contra uma maldição preconizada por uma bruxa, onde os inocentes sofrem e o casal deve buscar provas de que um assassinato ocorreu por possessão demoníaca. Veja a Crítica do Guariento Portal.
Esqueça os demônios que já apareceram. Aqui, o perigo veio invocado, é a maldição de uma bruxa quem dá as caras:
Primeiramente, nesta Crítica, Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio se destaca dentre os demais por se apresentar com uma história bem diferente das demais. Enquanto os seus antecessores buscavam sempre ter o centro o confronto com alguma entidade maligna, aqui essa entidade na verdade é apenas uma peça do quebra cabeça. E não o principal elemento. Isso não quer dizer que não teremos momentos de exímio medo. Na verdade, os primeiros minutos de Invocação do Mal já começa literalmente com os dois pés na porta com uma cena de Exorcismo tradicional, com direito a revirada de corpos e muito vendo para todo o lado. Começar com uma cena dessas é uma boa sacada para o filme, e que cria a expectativa do que veremos mais a seguir. Contudo, o roteiro se altera de forma drástica para uma espécie de investigação policial com requintes fantasmagóricos.
Muitos, é bem provável, vão lembrar de O Exorcismo de Emily Rose, de 2005. E de fato, o enredo se coloca de maneira bem análoga. Em Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio, somos apresentados a Arne Jonhson, um rapaz americano que cometeu homicídio. Porém, invoca a possessão demoníaca como fato a provar sua inocência, e baseado em um caso real. Partícipe do primeiro exorcismo que aparece no filme, o espectador percebe claramente que o rapaz sim está possuído, sendo uma das diferenças para o filme de 2005, que buscava uma mescla entre o ceticismo e a religiosidade. Para que Arne não encontre a pena de morte dentro do Tribunal. É então que os Warren embarcam em uma aventura que aos poucos demonstra que o Mal não nasce sozinho, mas que em A Ordem do Demônio ele foi invocado.
A atuação de Patrick Wilson e Vera Farmiga são deslumbrantes. E o maior tempo de tela de personagens secundários também ajuda:
O roteiro de fato é simples, mas o que não significa dizer que não consegue fluir a história com qualidade. Pelo contrário. E isso inclusive ocorre pela excelente atuação do casal principal, assim como o maior tempo de tela de outros personagens, seja os que já apareceram na franquia como também os mais recentes. Ed e Lorraine, interpretados por Patrick Wilson e Vera Farmiga estão completamente acostumados, se tornando praticamente a figura do casal paranormal. Tanto a atuação em conjunto quanto os trejeitos de Lorraine com sua espiritualidade aflorada conseguem trazer a sensação de que ela sente a dor de cada momento, criando uma empatia ainda maior e que conquista o espectador. Outros membros tem uma exibição maior, como o Padre Gordon e o auxiliar de Ed Warren, Drew. Contudo, é da parte do pequeno David Glatzel e Arne Jonhson que a ação se materializa.
David Glatzel (Julian Hilliard), que fez o Billy, um dos filhos de Wanda em Wandavision trás a maior parte das cenas aterradoras. Com direito a primeira possessão in loco. Mesmo perdendo tempo com o decorrer da narrativa, ainda assim o primeiro ato do longa tem seu poder e muito pela atuação do garoto. Já Ruari O’Connor segura as pontas na parte mais investigativa do filme, a partir do segundo ato. Com um grupamento de atores competentes, o longa consegue criar uma expectativa, como já informado nesta Crítica. Porém, ele não está imune a determinados problemas. E um deles decorre justamente dessa mescla entre o lado jurídico investigativo e o lado paranormal. Como, desde o início, Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio destaca o lado paranormal, o espectador já sabe de antemão o que ocorreu, não havendo motivo de toda a investigação pois o resultado está presente.
Easter-eggs para deixar feliz os mais ávidos fãs de terror. Assim como uma direção coesa, com cenários que suspiram a maldade e a perigo:
Mesmo assim, Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio tem momentos que de fato destacam o quão bom a franquia se apresenta naquilo que sabe fazer de melhor. A apresentação de cenários e a determinação de sustos, mesmo que em flagra menor quantidade que os demais. Mesmo não tendo as nuances de James Wan na produção, que retira ângulos extremamente complexos e abusa da escuridão proporcional quando é diretor, Chaves cria até um trabalho competente, em especial no terceiro ato. O jogo de luz e sombras não incomoda, sabe exatamente o momento de focar ou de trazer alguma questão de dúvida. Junte isso aos vários literalmente easter-eggs de franquias e filmes de terror mais conhecido dos últimos tempos e temos uma espécie de homenagem dentro do Universo de Invocação do Mal ao que de fato são pérolas do gênero desde o seu primórdio.
A história mais terrena é uma diferenciação. Porém, ela também é o Calcanhar de Aquiles dentro do filme. Sendo seu ponto mais problemático:
No entanto, Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio pode ter todas essas qualidades e essas diferenciações. Porém, sua narrativa mais pé no chão também é ao mesmo tempo, um de seus defeitos. Veja que buscando algo inédito, a produção coloca o perigo dentro de uma maldição, criada por uma Bruxa, e não do demônio invocado. Dessa forma, a ameaça principal é terrena, e nada além disso. Mesmo atendo poderes de enfeitiçar e tudo mais, fazendo o casal Warren sofrer com elas, ainda assim o grande arquétipo de maldade se encontra em uma humana, quebrando a cadeia espiritual, que busca sempre uma entidade paranormal como foram nos dois filmes antecessores, ou até mesmo em Annabelle e A Freira. Isso acaba criando um descompasso entre a franquia e o filme, que de certa forma é o mais diferente dentre os demais.
Um outro ponto, uma espécie de senso comum aos filmes da franquia é o seu terceiro ato. Além de exacerbar na questão do amor entre o casal Ed e Lorraine Warren, trazendo como contraponto da maldição da Bruxa do longa, o filme quebra completamente a expectativa com um final bastante opaco. De fato, com certo sentido, tendo a Bruxa o destino ao qual merecia e qual já havia sido falado no decorrer do filme. E claramente pensando que a personagem não deve se comportar como Valak ou Batsheba, que tinha caráter não humano nos longas anteriores. Faz sentido que Lola, a Bruxa seja colocada como uma das mais fracas personagens da franquia. No entanto, essa repetição idêntica aos seus antecessores já desmascara praticamente como todo o Invocação de Mal termina. Não há nenhuma diferença alguma, embora o filme deixe destacar um possível futuro com os Filhos do Carneiro.
Com alguns problemas e sendo inferior aos dois anteriores, Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio ainda assim é um bom filme do gênero.
Assim sendo, Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio representa um ponto fora da curva dentro de seu Universo. Não sendo claramente um sinal de desgaste da franquia, mas apresentando um caminho diferenciado. Como pontos altos, temos uma história que consegue evoluir sua narrativa com certa propriedade, mesmo que com alguns problemas. Os sustos, vários deles com jumpscares causam o efeito primário que deve fazer, mas são os cenários que o casal Warren passam e a direção com sua trilha sonora que criam uma sensação de opressão e suspense digno dos outros longas. A atuação em especial de Wilson e Farmiga está ainda mais contagiante, inclusive no primeiro ato, um dos melhores dentro do Universo que já demonstra o que esperar do longa. O clima de tensão com sabat cada vez mais sádico da bruxa e os momentos de Lorraine Warren guardam especial apreço no longa.
Entretanto, Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio trás problemas que existem nos antecessores e outros. Justamente por ser de cunho investigativo, o enredo passa a se perder nessa busca sem um sinal claro, mesmo que seja para auxiliar o jovem Arne em sua missão ao júri de que estava sob possessão demoníaca. Essa vertente é claro pode deixar alguns espectadores desgostosos em que mar a franquia navegou. Porém, de fato, esta parte poderia ser realmente melhor produzida. Além disso, o terceiro ato do longa busca um incessante foco nos Warren quase que desnecessário trazendo novamente o seu amor, em contraponto a maldição. De forma completamente clichê ao que já sabemos dentro do gênero de terror. Assim, em termos de sobrenatural e condicionado os seus antecessores, a Ordem do Demônio é o mais fraco dos três.
Recomendado para quem? Pela crítica, você gosta de filmes de terror e já é fã do Universo de Invocação do Mal, é obrigatório que veja. E para aqueles que tenham certa curiosidade sobre os casos da família Warren, vocês também estão neste rol.
Nesta Crítica, Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio é o típico filme que consegue passar um certo suspense e é agradável de assistir. Com uma história que, com um certo cuidado leva aos acontecimentos sem grandes problemas. O casal Warren está maravilhosamente bem atuante, assim como todos os personagens secundários, que ganham um pouco mais de tela. Os sustos, os cenários e a direção não são de Wan, mas Chaves trás uma qualidade digna e que agrada bastante. Mesmo sem muitos sustos, e com a história mais terrena de todas, o longa não esconde seus problemas. É claro que ele A Ordem do Demônio poderia ser melhor, e apresenta uma queda de qualidade em relação aos seus antecessores. Mas ainda assim, para os amantes do Universo da franquia, e para aqueles que apreciam o gênero, é inevitável e altamente recomendado ver este capítulo de Invocação do Mal.
* Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio está disponível dentro do serviço de streaming da HBO, a HBO Max. Sendo assim possível o Guariento Portal produzir esta Crítica. Agora, se você caro leitor curtiu a Crítica desse filme, saiba que o Guariento Portal possui uma aba exclusiva para filmes, em especial os de terror. Assim, além de todos os filmes da franquia Annabelle, um dos spin-offs de Invocação do Mal, também é possível encontrar Halloween de 2018, o filme Verdade e Desafio, o remake de A Morte do Demônio e a franquia Hellraiser. Que no caso é Hellraiser: Renascido das Trevas e Hellraiser: Renascido do Inferno. Em relação ao Universo de Invocação do Mal, o HBO Max tem em seu catálogo o filme Invocação do Mal 2, de 2016. Que esperamos fazer a Crítica desse filme em breve.
Números
Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio (2021)
Colocando um pé no freio da paranormalidade, Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio (2021) apresenta diferenças na franquia. Com menos sustos, uma história mais mundana, mas ainda assim apavorante. O longa é uma boa aventura, mas aquém de seus antecessores.
PRÓS
- Mesmo com seus problemas, a narrativa é diferente e consegue criar expectativa.
- Primeiro ato extremamente impactante, marcando um dos melhores na franquia.
- Atuação de Wilson e Farmiga, junto com o elenco secundário seguram completamente o filme.
- Direção coesa com bom uso do escuro, da fotografia e da trilha sonora.
CONTRAS
- Terceiro ato se foca exageradamente no amor dos Warren, sem necessidade.
- Não há um personagem vilão que sirva pelo que a franquia é.
- Divisão entre o investigativo e o paranormal não é tão bem produzido.