Estrelas judaicas, triângulos maçons e a Teoria da Evolução. Esses foram alguns dos argumentos que fizeram toda a franquia Pokémon ser banida da Arábia Saudita.
Quem aqui não conhece a franquia Pokémon? Embora altamente popular na década de noventa do século passado, Pikachu e companhia ainda tem motivos para se orgulhar. Com um anime em sua enésima geração, é no campo dos jogos eletrônicos que Pokémon tem seu maior nicho. Não por menos, seus últimos lançamentos, Pokémon Sword e Shield para o Nintendo Switch vendeu. E vendeu bem, mesmo depois de tamanha repercussão negativa em relação a preparação do título. Claro que a febre também foi renovada com o aplicativo Pokémon Go, que coloca as criaturas no mundo real com a realidade aumentada. Não por menos, o aplicativo foi um dos mais baixados no mundo, e é possível encontrar no Youtube uma multidão correndo pelas ruas em busca destas criaturas. Porém, existem países onde Pokémon é taxativamente proibido, e sob nenhuma hipótese pode ser jogado ou visto.
É o caso da Indonésia e da Arábia Saudita, dois países de maioria muçulmana. No primeiro, a restrição é um tanto específica e se refere ao Pokémon Go. O governo indonésio decretou que nenhum servidor de forças de segurança pudesse jogar em tempo de serviço. O aplicativo foi visto como uma ameaça a segurança nacional por distrair a atenção de militares e policiais. Desta forma, esta classe de trabalhadores estava expressamente proibido de jogar durante as horas de serviço. Algo que de fato não é questionável. Agora, o caso da Arábia Saudita é um pouco mais embaixo, pois envolve praticamente toda a franquia. E quando eu digo tudo, vai desde o anime, o mangá, as cartas e obviamente os jogos em qualquer plataforma. Por uma ordem do judiciário local, é proibido jogar Pokémon.
Tudo começou em 2001, quando o anime fazia sucesso no país. No entanto, diferente do sistema jurídico ocidental, a Arábia Saudita adota o sistema islâmico. O que quer dizer que religião e leis estão coladas, e o Alcorão é um dos determinantes na vida social. Neste ano, um decreto islâmico (chamado de Fatwa) determinou que Pokémon era uma franquia anti islâmica. Os argumentos para tal declaração era de que as criaturas eram oriundas de outras religiões, como o budismo. As cartas de Pokémon também conteriam presença de Estrelas de Davi, símbolo do povo judeu. E por isso também foi associado ao movimento sionista. Por fim, até mesmo para a maçonaria sobrou, pois o conselho religioso também viu nas cartas de Pokémon triângulos dessa sociedade. Assim, dessa união de argumentos, Pokémon foi proibido.
A Arábia Saudita contudo não contava com a febre que Pokémon Go seria para o redor do mundo. E em 2015, ela teve que reeditar essa lei. E é claro que novos argumentos também foram elencados. Dentre os principais, destaca-se a manifestação do vício que o jogo pode se tornar. E, como o Alá proíbe o jogo, esse seria uma forma de pecado. Além disso, qualquer um que tenha jogado Pokémon sabe que um conceito da franquia é o de evolução. As criaturas vão ficando mais fortes, ganhando novos poderes e assumindo novos atributos. Essa alusão a Teoria da Evolução também foi usada contra o aplicativo e a franquia. Como tal teoria não é ensinada nas escolas islâmicas, o jogo se viu novamente contra os ensinamentos religiosos. Legalmente, é proibido ter um cópia de Pokémon Go no celular, mas isso não quer dizer que não seja impossível baixar o aplicativo.
Na verdade, países que seguem a religião muçulmana, quando o assunto é Pokémon são bem mais conservadores. Obviamente, as criaturas são embasadas nas mais diversas culturas do mundo, o que entra também o cunho religioso. Bruxas, criaturas sobrenaturais e especialmente o xintoísmo japonês são fontes primordiais. Até pelo fato da franquia ter nascido neste país. Não é só o caso da Indonésia, mas outros estados também adotam certas restrições ao uso do aplicativo Pokémon Go. Entre eles o Kuwait e o Egito. Nestas duas nações, não existe uma proibição de fato, mas o governo destaca o não uso do aplicativo em áreas de trabalho. Assim como estabelece áreas específicas para que se tenha cuidado, como refinarias e mesquitas. Porém, é na Arábia Saudita que Pokémon já não é bem vindo desde o início do século. E continua não sendo até hoje.
Fonte: BlastingNews, Jornal de Notícias