É normal que, durante o tempo de aprendizagem, estúdios se aprimorem na produção de um game. E, no caso da finlandesa Remedy Entertainment, o trabalho com outros estúdios gerou um bom fruto. Com a Rockstar, a empresa produziu Max Payne, e com a Microsoft gerou Quantum Break. Mais recentemente, Control segue uma certa lógica na linha de produção do estúdio. Publicado pela 505 Games e disponível também para Xbox One, PlayStation 4 e PC, o jogador é colocado dentro de um derradeiro labirinto, ao melhor estilo Metroidvania lembrando jogos como Hollow Knight, por exemplo. Em termos de história, ao mesmo tempo que mantém toques de mistérios que lembram séries como Arquivo X, Control busca captar a atenção do jogador com uma espécie de loucura interessante onde as leis da física não fazem o mínimo sentido. Resta saber se de fato tudo isso funciona.
Control começa sem pistas do que está acontecendo, e a exploração é o cerne para tentar entender:
Primeiramente, é importante destacar que Control é um Metroidvania de primeira categoria no Xbox Series S. Diante do prédio do Federal Bureau of Control, uma espécie de Agência Governamental, o jogador é colocado na pele da Agente Jesse Faden, que possui um passado no qual ela acredita que foi escondido pelo Governo. E para isso, caberá ao jogador desbravar cenários dentro do prédio que aliás é bem maior do que visto primeiramente. São salas e alas em que a arquitetura é brutalista, que deixa a intenção de um ambiente bastante opressor para a protagonista explorar. Em cada local específico, Jesse deverá derrotar hordas de inimigos ao mesmo tempo que deverá salvar checkpoints, que poderão ser úteis na movimentação. Aqui, a exploração é a chave para o sucesso ou fracasso, sendo sem dúvida o ápice de Control. Cada local tem sua própria identidade, e provavelmente será necessário retornar em breve.
Em termos de gameplay, o título já se baseia um pouco mais numa estrutura diferenciada. Com uma arma sobrenatural, o jogador tem toques de RPG no sentido de evoluir os atributos da arma e da própria Jesse. A história flui com certa consistência, mesmo que o jogador passe a não entender realmente o que está acontecendo. A movimentação também é bem pensada, rápida e os controles são suaves, sendo sua curva de dificuldade bem rápida em termos de aprendizagem. Control, em suma, não é um título difícil de aprender, e sua movimentação é rápida e de certa forma prática. O game fica ainda mais interessante quando a personagem passa a adquirir poderes paranormais para derrotar o grande adversário, aqui chamado de Ruído. E além do mais, a jogabilidade evolui com o passar do tempo dentro do Universo de Control.

Visualmente atraente e com uma história louca ao estilo Arquivo-X, o jogador se encontra em um cenário de exímio detalhe:
Agora, sem dúvida, o ponto de maior potência e ao mesmo tempo problemática é a sua história. Como já falado, Control possui um toque sobrenatural que vai sendo mostrado aos poucos. Os personagens dentro do jogo tratam a força conhecida como Ruído como algo temido, e que apenas Jesse tem o poder de derrotá-la. Ao mesmo tempo, ela recebe memórias do antigo diretor do local, assim como de uma Ordem Superior, sendo levada para uma outra realidade de tempos em tempos. Como tudo isso pode ter ficado confuso, é fácil descrever que Control é realmente confuso. No entanto, por mais que essa loucura seja evidente, é interessante para o jogador imergir na história sem muito questionar. Control não é o estilo ideal de jogo no qual o jogador deve ficar se perguntando os motivos, mas dentro daquele Universo, o caminho fica sinérgico e consegue trazer uma fluidez a história.
Em termos mais técnicos, Control é igualmente interessante e belo, inclusive no Xbox Series S. Como já falado, sua ambientação é um dos pontos altos e em um game estilo Metroidvania, isso é essencial. Cada uma das salas é bem trabalhada, com composições únicas. A iluminação é igualmente interessante, abordando tons de claro e escuro e especialmente o vermelho quando o Ruído se encontra por perto. Indo para o áudio, também não há o que reclamar de Control, uma vez que a apresentação dos personagens, especialmente Jesse, usa uma tecnologia que agrega ainda mais valor aos personagens. Aliás, essa mesma Jesse, ao conversar consigo mesma, é um ponto especial nesta narrativa. Além disso, a trilha sonora que se alterna entre o misterioso e o enérgico trazem ao jogador a ideia e o momento correto que o jogador deverá lutar.

Longevidade também não é problema, assim como a dificuldade:
Indo para a dificuldade apresentada no título, Control não é um título difícil em essência, mas longevo e com determinados momentos complicados. Os confrontos com os principais adversários, os bosses são ao mesmo tempo singulares e exigirão do jogador certa inteligência para entender os movimentos. A longevidade também não é um problema, muito bem pensado pela Remedy. Control tem uma história que ao primeiro momento poderá parecer rápida. Porém, as missões secundárias e os diversos locais que não necessariamente precisam ser visitados para terminar o título uma primeira vez podem promover uma nova vontade por parte do jogador de se encontrar dentro do prédio de Nova York. Dito tudo isso, percebe-se que a Remedy conseguiu evoluir sua proposta de tempos atrás trazendo uma aventura rápida, louca e frenética em determinados momentos. Mas é claro que ela não está passível de problemas, eles existem.
Cenários são belos, mas a exploração é extremamente bagunçada com uma história extremamente complexa, o que desgasta o jogador:
Embora Control seja absurdamente competente no que tange aos seus cenários, ambientações e ao estilo Metroidvania de exploração, é inegável que esta mesma exploração é extremamente confusa, tanto no Xbox quanto em outras plataformas. Realmente muito confusa e que fará o jogador se perder em diversos momentos da narrativa. Mesmo que no mapa descreva-se o que é necessário fazer. Afinal, chegar em um determinado lugar pode estar escrito e ser uma pista, mas como se chegar é outra situação completamente distinta. Milhares de portas, corredores e salas escuras serão visitadas de quatro a cinco vezes até que o jogador entenda o caminho. Por mais que sua narrativa seja misteriosa e pouco ortodoxa, a exploração não precisava seguir a risca este mesmo conceito, podendo ser um tanto mais prática. Tal situação inclusive pode afastar o jogador de sua missão de continuar a jogatina, impactando na diversão do título.

Outro ponto que já foi colocado como uma aspecto positivo mas que possui uma outra face da moeda é realmente sua história. É possível perceber que a Remedy buscou e trabalhou friamente na narrativa de Control, tentando ser uma espécie de curva no meio dos tradicionais estilos da indústria dos videogames. Unir uma espécie de enredo sobrenatural da forma que Control se passa realmente é inédito. E por isso mesmo, também trás um certo desconforto. Mesmo que o jogador venha com a imersão completa de Jesse e do que ocorre dentro do prédio de Nova York, em algum momento o jogador se verá confuso até mesmo na narrativa. Até pelo fato desta narrativa não ser realmente comum. Todos os adjetivos como estranho, louco, e de certa forma surreal podem ser alocadas, sem dúvida. E isso também é um fator que pode afastar o jogador, fazendo-o parar no meio do caminho.
Control pode ser uma obra de suspense, louca e surrealista, mas sua qualidade o torna um título de alto calibre para os jogadores que curtem um Metroidvania:
O game de certa forma tem uma contradição, uma vez que o game demonstra suas qualidade quanto mais se joga, evolui o personagem e tem acesso a regiões outrora inexploradas. É possível dizer que Control é um ótimo jogo e foi uma das surpresas feitas pela Remedy em 2019 que agora está disponível no Xbox Series S por meio do Game Pass. De toda forma, Control une uma estética peculiar, opressora e misteriosa que se mescla de maneira coesa com a jogabilidade exploratória, digna de títulos como Metroid e Casltevania. Além disso, a personalidade de Jesse e seu passado, unido ao mistério que o Federal Bureau of Control resgatam trazem uma atmosfera de suspense que sem dúvida alguma, pode ser dita como singular, e muito agradada pelo primor gráfico e pela estrutura audiovisual como um todo.

Infelizmente, o game não é isento de falhas. Sua exploração é estranha e embaraçosa. Não por menos, é possível se perder uma infindável quantidade de vezes buscando as respostas para perguntas que não devem existir. Um adendo também de como o título chega a ser complexo nessa situação é a quantidade de páginas e documentos que o jogador encontrará no decorrer do caminho, sendo que muitas delas deixam mais pontas soltas do que explicam algo. Além disso, a própria história como um todo é uma derradeira faca de dois gumes. Se de um lado mantém o suspense no ar, trazendo uma confusão mental que é inteligente para a narrativa, por outro é tão complexa que acaba retirando a suspensão de descrença do jogador. Mesmo assim, é inegável dizer que Remedy supera e muito seus defeitos com Control, sendo mais um título de qualidade a adentrar no sistema de assinatura da Microsoft.
Veja mais no Guariento Portal se gostou desta análise de Control, título da Remedy disponível no Game Pass. Não deixe de comentar também, pois é muito importante para o crescimento e desenvolvimento deste Portal!
Se você gostou da análise do game Control, produzido pela Remedy Entertainment, saiba que o Guariento Portal tem um espaço dedicado para o mundo dos games. Em termos de análises, você pode gostar de outras, como e o caso de Hades, da Supergiant Games, Jotun: Valhalla Edition da Thunder Lotus, Spirit Camera: The Cursed Memoir, spin-off da franquia Fatal Frame para o Nintendo 3DS, Aragami: Shadow Edition no Xbox Series S, assim como The Crown Tundra, a DLC de Pokémon Sword e Shield. Em termos de dicas, temos Ornstein e Smough, duas criaturas conhecidas no Universo de Dark Souls, que está disponível também no canal do Youtube do Portal, assim como games que estão disponíveis para o Nintendo Switch com a alma de Dark Souls. Além destes, que tal saber curiosidades sobre a história de Hades, do início de Luigi’s Mansion ou um pouco de mitologia grega.
* Esta análise só foi possível devido a assinatura do Game Pass Ultimate para o Xbox Series S. Para o catálogo completo, confira aqui. Control é o último título atualmente lançado pela Remedy, estúdio também responsável por Max Payne e Quantum Break. Em 2019, o game foi colocado na lista de melhores games de 2019 do The Game Awards. Está disponível para Xbox One, PlayStation 4 e PC. Para o Xbox Series S/X, é possível jogá-lo por meio de retrocomptabilidade. No Nintendo Switch, o título se encontra em versão Cloud.
Números
Control
Juntando o que a Remedy Entertainment já produziu, Control é um game surreal no Xbox Series S, e não tente encontrar ordem em sua narrativa.
PRÓS
- Cenários e exploração dignos de um Castlevania de primeira linha.
- Jogabilidade interessante, progredindo corretamente com o passar da narrativa.
- Conteúdo audiovisual muito bem trabalhado no Xbox Series S, em especial os personagens e o áudio.
- Longevidade na medida certa, com quests secundários que aumentam a vida útil de Control.
- Desafios na medida certa, com uma estrutura narrativa que mantém o suspense.
CONTRAS
- Embora muito bem elaborado, a exploração do cenário é bagunçado e confuso.
- História desnecessariamente complexa demais, ultrapassando Arquivo-X.