A desenvolvedora sueca Paradox Interactive é conhecida em seu meio pelos excelentes títulos de grande estratégia que, muitas vezes, se baseiam em momentos históricos reais. Hearts of Iron por exemplo, que é uma franquia de games, se passa no período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Já Crusader Kings II, um dos mais completos títulos, vai praticamente do Século VIII até a Queda de Constantinopla pelos Turcos Otomanos, em 1453, já no Século XV. Porém, há também uma outra franquia chamada Victoria, lançada originalmente em 2003 e que em 2010 ganhou sua segunda edição com Victoria II. E disponível exclusivamente para o PC. Aqui, pegamos as eras dos nacionalismos, e o jogador tem mais de duzentas nações a disposição. A questão que fica é, o game é bom ou é que nem o assassinato de Francisco Ferdinando, um estopim para uma guerra? É o que veremos nessa Análise do Guariento Portal.
Guie cuidadosamente sua nação desde a era das monarquias absolutistas no início do século XIX. Passe pela era das expansões e colonizações para, por fim, tornar-se uma verdadeira superpotência na alvorada do século XX. Victoria II é um jogo de estratégia que se passa durante a Era Colonial no século XIX, onde o jogador assume o controle de uma nação guiando-a através da industrialização, das reformas políticas, das conquistas militares e das colonizações. Experimente uma profunda simulação política, onde cada ação que você tomar terá diversas consequências no mundo todo.
Descrição de Victoria II na Steam.
A Rússia Czarista, a Prússia de Bismarck e a Unificação Alemã e Italiana. Tudo isso ocorre na Era dos Nacionalismos, o momento em que Victoria II se passa. Controle uma das mais de 200 nações disponíveis, e guie para a glória ou para a destruição.
Primeiramente nesta Análise, o melhor de Victoria II, sem dúvida alguma é a sua narrativa. Por mais que ocorreram divergências entre o mundo real e o mundo virtual devido ao controle do jogador, temos o supra sumo do que o mundo via no século XIX, em especial na Europa. Diversos reinos e repúblicas se digladiavam em impressionantes impérios, que começam a declinar. Guerras são comuns nesse momento, assim como revoltas internas de movimentos das mais diversas porções; nacionalistas, comunistas, anarquistas. Todos estarão dispostos a pegar em armas para colocar seus ideais a frente de tudo. O que para o jogador é sinal de rebelião interna, que pode levar ao seu governo a bancarrota. Mesmo com esse eurocentrismo, uma vez que a maior parte dos acontecimentos ocorre na Europa, o game também tem momentos para a América e para a Ásia, como a Guerra da Secessão Americana (1861-1865).
Como grande game de estratégia em tempo real, Victoria II simplesmente coloca o jogador no meio da gerência tanto interna quanto externa de uma nação. Diferente da questão dinástica de Crusader Kings, aqui o jogador deverá tomar conta de aspectos como economia, industrialização, eleições e o papel cultural de sua nação. Claro que questões externas, como a cordialidade entre os países e é claro, a guerra e momentos de crise também devem ser cautelosamente vivenciados pelo jogador. Um destaque é a industrialização, uma vez que o Século XIX é palco para um momento de massiva industrialização ao redor do mundo. Entretanto, como pode-se pensar, cada nação contará com uma certa dificuldade. Afinal, um Império Alemão ou um Império Britânico, é bem mais estável em termos de relações do que uma Grécia recém independente do Império Otomano ou de qualquer país dentro dos Balcãs.
Inevitavelmente, facções começam a emergir de qualquer nação que o jogador controlar. Socialistas, anarquistas e minorias étnicas exigirão mais autonomia dentro de seu território. Agora, você nobre jogador entregará esse poder ou lutará para mantê-lo em suas mãos?
Essa dificuldade, aliás, não é para qualquer jogador. Victoria II pode não parecer tão expansivo para uma primeira visita. São tantas informações ao mesmo tempo que o jogador se verá pausando diversas vezes para entender o que está acontecendo. E para onde sua nação deve prosseguir. Interessante é que de qualquer forma, não importando onde você se encontre, em trinta ou quarenta anos o seu território sofrerá com as novas manifestações culturais que rolam ao redor do mundo. Isso fará com que eleições devam ser produzidas e poderá mudar inclusive o seu eixo. Possíveis migrações também são problemáticas pois minorias, especialmente em Impérios gigantes começaram a ordenar mais independência. Cada vez mais autonomia dentro dos limites de seu território. Tudo que de fato aconteceu nesse período histórico realmente. Tirando algumas momentos por força do jogador, é possível aprender História Mundial com Victoria II, não de forma tranquila.
Continuando a Análise de Victoria II, vamos agora para os aspectos mais técnicos. Tal como a maioria das franquias da Paradox Interactive envolta no mundo real, temos um enorme mapa em duas dimensões onde as tropas e algumas construções são vistas em três dimensões. Em relação ao seu antecessor (2003), há uma melhoria clara com uma melhor definição do mapa, assim como uma otimização que faz com que Victoria II não seja um game extremamente pesado. Algo de costume em títulos da desenvolvedora sueca. A trilha sonora também combina exatamente com o que o game propõe, tendo diferenciações de acordo com as nações que o jogador irá escolher. O jogador deve ter em mente que Victoria II não é um game onde o detalhamento gráfico deve ser idêntico ao de Forza Horizon 4 (Xbox One/ Xbox Series S/X) ou Horizon: Zero Dawn (PlayStation 4/ PC).
“… Victoria II é um resumo executivo dos últimos sete anos de grande desenvolvimento de estratégia na Paradox Interactive…”
Análise de Victoria II da CPU Gamer.
Estilo gráfico é quase como um tabuleiro War com uma boa trilha sonora. Já a jogabilidade, tem tantos aspectos que mostra o motivo de Otto von Biscmarck ser visto como um grande estadista de sua era. Pensar em tudo isso é realmente difícil.
E isso não é um defeito de Victoria II nesta Análise, é que simplesmente para esse tipo de game tanto a trilha sonora quanto as questões gráficas estão de acordo com a jogabilidade do game. E aliás, em termos de jogabilidade, como indicado anteriormente, são diversas as informações que aparecem no decorrer da jogatina, fazendo com que o jogador pesquise e se atente para cada uma de suas ações. Contudo, essas ações são feitas de maneira bem simples, por meio de menus bem estruturados que limpam um pouco a tela e o cérebro dos jogadores. Os acontecimentos ao redor do mundo são postos por meio de jornais. O jogador consegue ver quem são as nações em guerra e os principais acontecimentos econômicos. Além disso, estas ações são bem rápidas e dinâmicas, mesmo que o game esteja em inglês ou outras línguas sem ser o português.
Outro aspecto que ganhou ainda mais destaque em Victoria II e nesta Análise é em relação ao seu antecessor. As relações diplomáticas, que agregam ainda mais na dinâmica e na longevidade do título, que por si só é bem extenso por mais que não se possa parecer pelo tempo histórico. Victoria II coloca agora os chamados Grandes Poderes, nações que realmente possuem uma esfera de influência e que podem criar alianças com nações menores. Sejam estas de proteção quanto para o ataque, no melhor estilo Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Guerras entre esses grandes poderes colocam toda a sua zona de influencia também em conflito, então cuidado quando quiser agregar uma aliança ou ser aliado de alguém. Essas zonas inclusive são um dos vários pontos que podem criar casus beli para um conflito de escala local ou mundial. As escolhas de fato são ilimitadas para o jogador.
Francisco Ferdinando é assassinato em Sarajevo, e assim começa a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Mas antes disso, o jogador terá de administrar sua diplomacia e todos os seus conflitos internos, o que faz de Victoria II um game relativamente difícil. E assim, nem todos os jogadores vão curtir conforme esta Análise.
Assim, mesmo com essas possibilidades e trazendo uma longevidade positiva, Victoria II tem alguns pequenos problemas que não estragam a experiência, porém o fazem um jogo de nicho, e não de grande escala. Uma vez que a quantidade de informações e o que deve ser feito pode parecer difícil e complicado para alguns. Um dos pontos de destaque de maneira negativa, tão contraditório quanto a mudança da Itália nas duas Guerras Mundiais é a dificuldade apresentada em Victoria II. O Guariento Portal já ressaltou que essa dificuldade se coaduna com o título. Afinal, controlar uma nação em um tabuleiro de xadrez como é a diplomacia e as questões internas reais é realmente algo complicado. Ou realmente pode ser, já que ninguém aqui é um Presidente ou Primeiro Ministro. Contudo, todas estas informações acabam fazendo com que Victoria II fuja de alguns olhos, aumentando sua base instalada.
Claro que o título não precisa segurar na mão do jogador e dizer exatamente o que ele deve fazer. Porém, ele poderia sim ter uma melhor noção de seus aspectos, seja interno quanto externo, e não praticamente levar o jogador para um tabuleiro para que ele se vire. Nem mesmo o modo tutorial é o suficiente dado que as possibilidades são infinitas dentro do game. Embora sim funcione para que o jogador não entre em uma guerra sem saber o mínimo, como os controles e as necessidades no decorrer do século. Um segundo fator que se destaca também que poderia ser melhor é a elaboração de mais conteúdos de expansão. As chamadas DLC’s. Embora seja um jogo quase fechado, Victoria II poderia ter ainda mais conteúdo como é comum em outras franquias da Paradox Interactive.
O simulador histórico-econômico dos pais de Europa Universalis está de volta. Chegou a hora de tirar o pó da nossa cópia pessoal do “Capital” de Karl Marx e ir e retomar o livro de história que está no sótão…
Análise de Victoria II no Multiplayer Italiano.
Com cimitarras ou baionetas, Victoria II tem muito mais pontos positivos do que negativos. Assim, se fazendo como uma experiência dinâmica, razoavelmente balanceada e sem dúvida alguma verdadeira de como gerir um estado nação em um dos períodos mais conturbados da história moderna.
Sendo assim, Victoria II de fato é um excelente game ao que se propõe. Primeiramente, e como destacado nessa Análise, o estudo para criar uma experiência bem próxima ao ocorrido entre os séculos XIX e XX trás uma história repleta de conteúdo. Que claro é modificado de acordo com a manifestação do jogador. Você não é apenas um observador da história, mas suas ações podem guiar sua nação ou outras ao redor do mundo para um caminho. Seja de prosperidade ou de destruição. Os diversos planos de conhecimento, como o cultural, político, econômico, militar e diplomático estão presentes, e são pontas que devem ter todas o mesmo cuidado, criando uma experiência até balanceada para a exigência do game, afinal, controlar uma nação realmente não deve ser fácil. Os gráficos e a trilha sonora criam uma atmosfera agradável dentro de Victoria II, melhorando ainda mais a imersão.
Entretanto, mesmo que seja fechado, Victoria II ainda poderia apresentar mais e mais conteúdos, uma vez que o time da Paradox Interactive é conhecido por melhorar cada vez mais a experiência de seus jogos. No entanto, esse não é o principal problema do game, mas sim a sua dificuldade, trazendo uma faca de dois gumes que nem Otto von Bismarck conseguiria resolver. Por mais que a jogabilidade seja dinâmica e prática através de menus bem simples e que passam as informações devidas, ainda assim são tantas questões a serem abordadas que o jogador sem dúvida pode vir a se perder. Assim, Victoria II de fato não é um game para todos os nichos, como o Guariento Portal já fez questão de falar nessa Análise. Mas para aqueles que curtem uma dificuldade, embora diferente do estilo Souls-Like, mas ainda assim difícil, sem dúvida é uma ótima experiência.
Divertido nesta Análise? Victoria II é um game que merece ser jogado. E mostra com maestria como o pessoal da Paradox Interactive sabe fazer títulos de estratégia. Tem alguns problemas e nem todos podem curtir, mas é uma experiência gratificante e uma aula de história.
É então que vem a principal pergunta que toda a Análise deve responder. Victoria II é um game divertido? Sem dúvida alguma, é. Mesmo que tenha seu público cativo, se o jogador quiser uma nova experiência e se abrir para uma dinâmica típica de games de estratégia em tempo real, Victoria II é um dos principais títulos que esse jogador pode aprender e se envolver. Como foi lançado em 2010, é fácil ser jogado nos mais diversos computadores e notebooks existentes, e apresentam um detalhamento gráfico que ainda não é datado. Mas sem dúvida, é toda a sua narrativa histórica que consegue conquistar, em uma experiência gigantesca que mesmo abraçando o eurocentrismo mostra o cuidado com todas as nações e culturas existentes. Victoria II é uma forma inteligente de se estudar história, e ser parte responsável pela ascensão ou queda de sua nação. Palmas para a Paradox Interactive.
* Victoria II foi lançado em 2010 e produzido pela Paradox Interactive para PC. O Guariento Portal custeou de seu próprio bolso uma cópia por meio da Steam para esta Análise. A título de Curiosidade, o game possui duas expansões que trazem algumas alterações. São elas A House Divided, de 2012, e Heart of Darkness, de 2013. Depois de cinco anos, o CEO da Paradox Fredrik Wester informou que a franquia Victoria não estava entre as principais para a criação de uma nova sequência. Porém, parece que algo mudou pois em 2021, durante o evento da Paradox Interactive Conference (PDXCON 2021), Victoria 3 foi confirmado como em produção. Embora sem qualquer tipo de data de lançamento. O último lançamento da Paradox até este post foi Crusader Kings III, que você pode ver nossa Análise aqui no Guariento Portal.
Números
Victoria II (PC)
Victoria II, game de Estratégia da Paradox Interactive trás os Séculos XIX e XX para o jogador. Controle uma nação e sua economia, exército, cultura e diplomacia, levando-a para a prosperidade ou ao desastre completo num mundo onde os nacionalismos deixam sua vida ainda mais difícil no PC.
PRÓS
- O séculos XIX e XX são tratados de maneira precisa e impressioante.
- Embora complexo, a jogabilidade é simples com menus práticos para se entender.
- Gráficos e trilha sonoras que combinam com com o estilo tabuleiro de War e com a nação escolhida.
- Longevidade descomunal, sendo um game a ser jogado durante dias numa única rodada.
- Conteúdo vasto e divertido para todos os amantes do gênero Estratégia.
CONTRAS
- Poderia existir ainda mais expansões do que as "simples" DLC's que existem.
- Embora naturalmente difícil, ele poderia apresentar algumas dinâmicas um pouco mais fáceis.