A história é algo espetacular. Porém, existem retalhos que o tempo fez questão de apagar, ou quase. Diferente da Grande Pirâmide dos egípcios, os Jardins Suspensos da Babilônia são as mais especulativas Maravilhas do Mundo. Inegavelmente estando na lista proposta pelo grego Antípatro de Sídon, é dada a certidão de nascimento desta obra ao Rei Nabucodonosor II (605 – 562 a.C), como um presente de casamento. Porém, se depender dos restos arqueológicos da Babilônia, não há nenhuma evidência de que Jardins Suspensos existiram nessa cidade. Contudo, o mesmo não pode ser dito das ruínas de Nínive, a capital do Império Assírio reformulada por Senaqueribe (745 – 681 a.C). É possível então que o coitado do grego estava errado na localização, no monarca e no reino construtor? Pode-se duvidar, mas com certeza, vamos refletir essa história nesse Especial sobre as Sete Maravilhas do Mundo Antigo aqui no Guariento Portal.
Com toda certeza de que quem conta um conto aumenta um ponto, é preciso entender a origem dessa história. Afinal, Antípatro de Sídon não acordou da noite para o dia pensando em criar uma lista de turismo da Antiguidade. Antes de tudo, ele precisou pesquisar. A questão é que todas as fontes convergem para um nome, Beroso. Sacerdote babilônico do deus Marduque, Beroso é uma das principais fontes gregas para tudo que aconteceu na Mesopotâmia antes de Alexandre, o Grande dominar meio mundo. Escrevendo História da Babilônia em 290 a.C, ele é o único que abertamente dá nome e sobrenome aos Jardins Suspensos. Assim, tal Maravilha seria uma obra para o agrado da esposa do Rei Nabucodonosor II da Babilônia. Infelizmente, os textos originais de Beroso em grego não chegaram aos dias de hoje, sendo apenas citados e servindo de influência para um ou outro grego historiador.
Um presente de casamento como este é difícil de superar.
Aqui, os Jardins Suspensos da Babilônia foram um baita presente. A princípio, o conto original destaca que Nabucodonosor quis ousar em um presente para sua esposa, a Rainha Amitis. Oriunda da Média, um povo da região do atual Irã, era comum encontrar em sua terra natal montanhas verdejantes e uma vegetação bem diferente da cabeceira do Rio Eufrates, onde a Babilônia estava. Assim, seu marido ordena a construção de um enorme complexo, usando engenharia de ponta ligado ao palácio. Com plantas nativas como a tamareira e até pés de algodão – provavelmente importados da Índia – os Jardins usavam um sistema formidável de irrigação para manter o seu ecossistema, por mais que existissem na região percalço de seca. Tanto é que outros historiadores gregos mais focavam em seu uso na engenharia do que na atração em si que deveriam ser os Jardins Suspensos da Babilônia.
Os babilônios também têm uma cidadela com vinte estádios de circunferência. As fundações de suas torres estão afundadas a 30 pés do chão e as fortificações sobem 80 pés acima dele no ponto mais alto. Na sua cimeira estão os jardins suspensos, uma maravilha celebrada pelas fábulas dos gregos. Ele tem uma infraestrutura de paredes com 20 pés de espessura em intervalos de onze pés, de modo que com a distância têm-se a impressão de árvores que pendem sobre as montanhas nas florestas reais. Diz a tradição que é o trabalho de um rei sírio que governou a Babilônia. Ele construiu isso por amor a sua esposa, que perdeu os bosques e florestas no país plano e convenceu o marido a imitar a beleza da natureza com uma estrutura deste tipo.
Quinto Cúrcio Rufo, senador e historiador romano, tendo como base Clitarco, historiador grego responsável pela escrita da História de Alexandre, o Grande.
Só que ao invés de babilônico, a construção pode ter origem assíria.
Isso é visto com Estrabão e Diodóro Sículo, que em suas palavras destacam o intrincado uso de canais para irrigação e os componentes para elevar as águas até o topo dos Jardins. Contudo, nenhum desses historiadores coloca a fita e a tesoura de inauguração no reinado de Nabucodonosor II, que existe se você estiver jogando Civilization V, game da norte americana Firaxis. O pior é que, Heródoto, antepassado de todos estes nomes, viveu por volta do Século V a.C e visitou a cidade de Babilônia para escrever sua Histórias. Mas não falou nada sobre os supostos Jardins. Além disso, o mesmo pode ser dito das construções do próprio Nabucodonosor II. Basta pensar, o Rei gastou dinheiro dos impostos, mas não consta em nenhum escriba daquele momento de ser o responsável pela construção?
É por isso que Os Jardins Suspensos da Babilônia são as mais especulativas das Sete Maravilhas do Mundo Antigo. Afinal, alguém as viu, mas ninguém sabe onde de fato se encontravam. Nesse sentido, as pesquisas arqueológicas no que hoje é o resto da antiga Babilônia não revelam nada. Ou seja, não tem nada que indique que algum Jardim, como os pensados existiram na cidade. Uma hipótese ainda não estudada é que seus restos podem estar em uma área abaixo do Rio Eufrates, já que convenhamos, fazem mais de dois mil anos de sua construção e o curso do Rio Eufrates mudou com todo esse tempo. Porém, dando uma de construtor de Sim City, da Electronic Arts na Mesopotâmia, uma outra vertente diz que os Jardins Suspensos podem sim ter existido. Porém, seu nome é de outro reino, de outro monarca e de outra cidade.
Senaqueribe teria sido o pai dos Jardins ao invés de Nabucodonosor.
Esses Jardins Suspensos definitivamente tem mais atesto do que qualquer álbum da Taylor Swift. Trata-se dos Jardins do Palácio Real de Nínive, nos tempos de Senaqueribe, o mesmo que foi parado por um anjo de invadir Jerusalém no Antigo Testamento. Ao passo que era erudito, porém cruel, Senaqueribe dividiu seu reino em dois momentos, conquistar e construir. Definitivamente, esse soube jogar Age of Empires III, da Microsoft Games. Depois de destroçar sua rival, a Babilônia, Senaqueribe aquietou-se. Além de criar as bases de uma Biblioteca para seu neto que faria Alexandre, o Grande ter inveja e fazer a sua (a Biblioteca de Alexandria). O rei assírio produziu um bem documentado sistema de jardins alimentados por diques vindos do Rio Tigre. Suas construções não eram simples. Só para ilustrar, seu palácio detinha o título do ser “como nenhum outro”.
Então os Jardins Suspensos da Babilônia poderiam ser os Jardins Suspensos de Nínive? Sim! Pelo menos é o que a arqueologia através da pesquisadora Stephanie Dalley, da Universidade britânica de Oxford tem a revelar. Depois de vinte anos vasculhando a atual região do Iraque que sofreu com as brigas entre assírios, persas, babilônicos e gregos, ela destaca que pode ter encontrado justamente nas ruínas de Nínive a última Maravilha do Mundo Antigo. E de fato, tamanho não é documento. Os Jardins de Senaqueribe, ao invés dos de Nabucodonosor, eram alimentados por um fluxo de canais que jorravam 300 toneladas de água por dia. O tamanho de seus canais era avaliado em até 50 quilômetros de comprimento. Tudo para levar a água do Tigre para próximo da aristocracia acadiana. Dentro do palácio de Senaqueribe, há menções aos Jardins como o “mais belo já visto por alguém”.
Do Mundo Antigo, é a única que pode estar “um pouco errada”.
Tudo bem que até então, Senaqueribe não parece ter sido um Rei que não poupe o uso de superlativos. Porém, as semelhanças com a Babilônia não param somente nesse ponto. Sendo rivais dos babilônicos, quando de sua conquista e queda pelos assírios, Senaqueribe, sua corte e o restante de seus súditos passaram a chamar Nínive como “Nova Babilônia”. Tal grafia se destaca em pedaços de argila que também contém o nome do monarca em enormes aquedutos de sua capital. Tudo para levar as águas para onde ele queria que fossem. Infelizmente, Dalley não conseguiu mapear totalmente o terreno em que acredita estar os Jardins Suspensos da Babilônia. Aliás, vale lembrar que a região em que floresceram estes impérios hoje é o Iraque. E que desde 2011, o que não existe naquele lugar é paz para se pesquisar arqueologia.
Porém, não importando muito se mais ao norte ou mais ao sul, os Jardins Suspensos parece similar em ambos os casos. Tinham algo em torno de seis pavimentos, sendo uma construção fabulosa que pode ser vista em Nebuchadnezzar, indie da tcheca Nepo Games. A manutenção da fauna era colocada nas mãos dos escravos. Mas não qualquer um. O próprio monarca escolhia a dedo quem eram os grandes jardineiros das cidades dominadas e destruídas e mandava para seu Jardim particular. Assim, junte essa atmosfera com estátuas dos deuses da Antiga Mesopotâmia e temos uma construção que não faz sentido algum não ter sido mencionada por Nabucodonosor II se ele realmente não a tivesse feito. Talvez as HQ’s de Eternos, da Marvel, também tenham caído no conto do vigário em acreditar que os Jardins Suspensos, uma das Maravilhas do Mundo Antigo eram babilônicos. Quando na verdade, eram assírios.
Milagre ver alguém falar de Nebuchadnezzar. Só vi alguém falar dele em sites de construtor de cidades.
Será que rola uma Análise de Nebuchadnezzar? Bem, você pode esperar que em breve, vamos apresentar. E seja bem-vindo. Esperamos você mais vezes!
Tu parles de tout ici. J’ai aimé le site Web. Mais écrivez aussi en français. L’espagnol et l’anglais ne doivent pas être au centre de l’attention. 🙂
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