Quando se fala em jogos de gerenciamento de cidade, é inequívoco que se pense como exemplo padrão a série Sim City. Iniciada em 1989 e produzida pela Maxis, o mesmo estúdio de The Sims por exemplo, o gerenciador foi parâmetro deste modelo, influenciando e trazendo novas tendências. De mapas gigantescos para uma quantidade absurda de itens a serem verificados dentro da cidade. Do transporte a saúde, do ambiente a educação, o jogador era mais do que um prefeito. E, com o tempo, os problemas mais tradicionais de uma cidade em ascensão surgiam sem dó nem piedade. Entretanto, buscando dar uma renovada depois do excelente Sim City 4 e do esquecível Sim City Societies, a Maxis trouxe, através de uma nova engine, Sim City em 2013 para PC. Resta saber se esta versão fez jus ao papel da franquia, ou se escorregou em seus próprios conceitos.
Ver a sua cidade crescendo é bonito, elegante e atraente. Até você vai querer morar nela.
Primeiramente, o ponto que se sobressai em Sim City (2013) é sem dúvida sua qualidade gráfica. Usando-se de uma engine diferente dos antecessores, o jogo é vívido, com uma paleta de cores interessantes e com uma divisão dia e noite bem produzida. Assim, as cidades ganham diferentes vidas no decorrer do tempo. As construções, sejam elas comerciais, residenciais ou industriais também se fazem presente. Todas elas, até mesmo nas resoluções mais simples ainda assim trazem um avanço de qualidade técnica. A trilha sonora também é um ponto positivo, pois é possível, mesmo que não se entenda a língua dos cidadãos escutar seus descontentamentos, e é claro, o trânsito. Quanto mais a cidade cresce, mais os serviços serão solicitados, e de certa forma, Sim City consegue trazer uma noção melhorada e mais prática de todos os recursos que estão disponíveis ao jogador.
Como qualquer simulador de cidades, o foco do título é colocar o jogador na pele de um prefeito. E assim zonear a região e prover os serviços públicos, claro que recebendo os impostos para isso. Toda esta cartilha é feita de maneira objetiva em Sim City, que ainda tem o Modo Deus, uma forma divertida de causar desastres em sua cidade. Ao começar o game, os cidadãos não pedirão tantos serviços, mas no decorrer da partida, enquanto a cidade cresce, será necessário colocar um transporte para regiões mais distante, e escolas para melhorar a educação de seus cidadãos. Tudo, na verdade, vira uma espécie de cadeia produtiva como no mundo real. Para trazer empresas melhores, o governante deve antes educar seus cidadãos. Assim, Sim City (2013) mantém a tarefa de trazer uma balança. Gaste os impostos de maneira correta.
Cidades distintas, efeito manada em cada escolha. Faça-as sabiamente em Sim City.
E, para auxiliar nessa empreitada, Sim City (2013) tem uma quantidade de núcleos que facilitam a visualização do jogador. Para cada possível problema, existem mapas separados que mostram por exemplo, o tráfego, a criminalidade ou a chance de um incêndio. Desta forma, o jogador deverá estar de prontidão para quando os problemas começarem a surgir, literalmente em efeito manada. A satisfação da sua população deve ser fundamental e a única motivação do jogador. A títulos ainda de inovação, há a possibilidade do jogador escolher o tipo de cidade que queira construir. Turística, se for o caso fará com que seja necessário uma ampla rede de transporte e um excelente comércio. Áreas vinculadas ao carvão ou petróleo enriquecerão a sua zona industrial. Porém, essa escolha não é absoluta, e pode o jogador se sentir livre em escolher da forma que bem entender como vai gerir sua cidade.
Sua cidade não vai crescer tanto, e isso não é culpa sua. E da própria empresa quem fez o jogo!
Pois bem, por mais que Sim City (2013) apresente praticamente uma melhoria gráfica com uma estética super agradável, ele peca em pontos em que um simulador de cidade jamais deveria pecar. Neste caso, o primeiro momento de desagrado dentro do jogo, obviamente é o tamanho do mapa, risível se comparado com seus antecessores. Todas as cidades praticamente, não importante em que região escolher possuem o mesmo tamanho, alterando apenas sua inclinação e outros fatores, como proximidade do mar ou a existência de petróleo e carvão. Assim, torna-se extremamente frustrante que exatamente no momento em que a cidade solicita um maior zoneamento de regiões, não existe mais espaço para tal. A sua cidade literalmente para no tempo. É normal que depois de algumas horas de jogo, não seja possível avançar em praticamente nada em sua região. É como se o tempo simplesmente parasse.
De outro ponto, como mencionado anteriormente, Sim City (2013) apresenta uma janela intuitiva para praticamente todas as idades. E a forma que isso é trabalho é um aspecto positivo. Porém, em especial neste título, a Maxis forçou em diminuir o nível de dificuldade e a qualidade de gerenciamento. Um exemplo claro são os transportes. Em seu antecessor, a criação de tráfego é praticamente orgânica pois existe uma lógica para que determinados moradores usem aquela região naquele horário. Porém, no game lançado em 2013 isso não é lógico. E, em grande parte das vezes, os problemas começam a surgir sem ao menos se fazer sentido. Além disso, a própria forma de se gerenciar a cidade se tornou mais cômoda, diferente de seu antecessor ou até mesmo de Cities Skyline, game da Paradox (de Crusader Kings III) onde a dificuldade é bem mais visível.
A queda de frames e a brilhante ideia de um modo multiplayer mal executado. Isso tudo apaga as luzes de um simulador de cidades.
Perde-se assim, parte da qualidade de gerenciamento em prol de uma facilidade de controles e botões. E, falando em jogabilidade, embora seja clara e consistente, Sim City (2013) acaba perdendo pontos em praticamente todos os aspectos devido ao peso que possui de seu processamento. Da mesma forma que a existência de alguns bugs em determinados pontos. Primeiramente, é óbvio que quanto maior a cidade se encontra, mais pesado fica para que um computador rode com qualidade o título. O problema é que, mesmo sendo uma das qualidades do game, seus gráficos não eram necessariamente pesados para fazer com que o game tivesse quedas de frames em poucas horas de jogo. Construir uma cidade em um mapa pequeno já se mostra uma situação complicada, pois embora fique apertada em sua região, mesmo sem evoluir tanto, ela se torna um problema especialmente quanto da taxa de frames.
Por fim, e para ressaltar uma mudança no foco de Sim City foi a vinculação com uma espécie de multiplayer como tática de criar uma novidade dentro da franquia. Por mais que seja interessante usar a ideia de que as cidades feitas por diversas pessoas ao redor do mundo possam se comunicar, ainda assim o tiro saiu completamente pela culatra pois não havia servidor suficiente para tal finalidade. O resultado é que, mesmo depois de todo o tempo depois de seu lançamento, é extremamente difícil encontrar uma pessoa que esteja jogando Sim City (2013) e se vincule com a sua cidade. É mais fácil para o jogador ele mesmo ser o responsável por todas as cidades naquela região. Assim, no fim das contas, o foco em um estilo multiplayer desencadeou um problema dentro da franquia que pode ser completamente esquecível pois foi mal executado.
Mesmo graficamente superior, Sim City (2013) deixa marcas amargas na boca. É melhor dar alguns passos para trás e pensar em uma nova abordagem para a franquia:
Desta forma, Sim City (2013) foi lançado pela Electronic Arts buscando refrescar uma franquia que já teve erros e acertos. Primeiramente, com o uso de uma nova estrutura gráfica, Sim City ficou mais elegante, as cidades podem ser mais vívidas e atraentes, os desastres mais emocionantes e a trilha sonora, com sons que realmente são escutados no dia a dia. A forma com que o jogo progride, assim como seus controles são competentes e de fácil aprendizado, largando as dificuldades vistas em games antecessores para algo com uma dinâmica maior para um público maior. Mesmo é claro que tudo possa ser visto como uma reação em cadeia. Por tal motivo, não é algo fácil de se lidar mesmo com as benevolências da Maxis. Uma construção ou uma forma de projetar sua cidade errada e isso custará uma quantidade considerável de dinheiro. E com toda certeza enfurecerá seus cidadãos.
Do outro lado, Sim City se perde em sua própria essência a criar amarras em pontos que jamais deveriam existir. Colocar limitação em seu território é o principal deles, forçando assim as cidades, que serão projetadas a não chegarem a um nível de desenvolvimento como a de seus antecessores. Além disso, no momento em que deixa de lado as complicações do gerenciamento para facilitar o acesso, Sim City (2013) acaba perdendo espaços para outros do ramo, que buscam uma versão mais realista do que seria montar uma cidade. As quedas de frame também incomodam, exigindo uma boa compostura da máquina. Por fim, colocar um vínculo obrigatório de multiplayer online não funcionou como devia, sendo algo descartável. Assim sendo, Sim City (2013) é como uma cidade que se conhece a primeira vez. Linda e cheia de novidades, mas que com o decorrer do tempo, mostra sua verdadeira face.
Veja mais no Guariento Portal se gostou desta análise de Sim City (2013). Ele pode ter seus defeitos, mas ainda assim é da Maxis, e tem seus pontos positivos. Não deixe de comentar também, pois é muito importante para o crescimento e desenvolvimento deste Portal!
Se você gostou da análise de Sim City (2013) produzido pela Maxis para PC e lançado pela Electronic Arts, saiba que o Guariento Portal tem muito mais. Temos a Análise de Ocarina of Time 3D, para o Nintendo 3DS, Phantom Hourglass para o Nintendo DS e Zeus: Master of Olympus para o PC. Em outros mundos, temos House Flipper, da Empyrean, Marvel Ultimate Alliance 3: The Black Order da Tecmo Koei, Hades, da Supergiant Games, Jotun: Valhalla Edition da Thunder Lotus, Spirit Camera: The Cursed Memoir, spin-off da franquia Fatal Frame para o Nintendo 3DS, Aragami: Shadow Edition no Xbox Series S, assim como The Crown Tundra, a DLC de Pokémon Sword e Shield. Em termos de dicas, temos Ornstein e Smough, duas criaturas conhecidas no Universo de Dark Souls, que está disponível também no canal do Youtube do Portal.
* Sim City (2013) foi lançado obviamente em 2013 para o PC. Atualmente, está disponível para compra de maneira exclusiva na Origin, sistema online da Electronic Arts. Para aqueles que tem acesso ao sistema EA Play, o título é gratuito. Para quem não é assinante, o valor de Sim City é de R$ 59,90 o jogo base. Existe ainda a versão completa, que anexa a expansão Cities of Tomorrow e outros extras por R$ 89,90. Esta análise só foi possível devido a aquisição por meio de mídia física do jogo base. No caso, o redator e dono do Guariento Portal!
Números
Sim City (2013)
Numa guinada desagradável, Sim City, lançado em 2013 para PC pela Electronic Arts tem pouca coisa a oferecer se comparado aos antecessores.
PRÓS
- Gráficos polidos e com cores e áudios vivos, trazendo uma sensação de novidade.
- Escolha o estilo de cidade de acordo com o terreno, ou faça da sua forma.
- O gerenciamento está presente, sem precisar de tutorial.
CONTRAS
- A falta de espaço para o crescimento da cidade é um atraso.
- Queda de frames constante quanto maior é a cidade.
- Sensação de que parte do "gerenciamento" foi deixado de lado.
- Importância do multiplayer completamente desnecessário. Uma perda de tempo.