Lançamentos de games, especialmente os mais esperados são verdadeiros eventos na indústria dos games. Não por menos, eles podem ser derradeiros sucessos ou terríveis fracassos que mancham inclusive a reputação de sua empresa. Mais recentemente, a CD Projekt Red (de The Witcher) lançou Cyberpunk 2077 para o PC, os consoles da nova geração de Sony e Microsoft e para os anteriores. Contudo, o sonho se tornou pesadelo quando as primeiras informações surgiram, em especial no PlayStation 4 e Xbox One. Com uma péssima formatação nas plataformas, com bugs e resoluções aquém das divulgadas pela empresa, a CD viu seu game inclusive ser retirado da PSN, a rede da família de consoles da Sony depois de vários adiamentos. Lembrando de lançamentos desastrosos, é impossível não falar do produzido pela Hello Games em 2016. Assim, em outras palavras, seria possível que Cyberpunk 2077 conseguisse o Efeito No Man’s Sky?
Expectativas x Realidades: O confronto com o mundo real de No Man’s Sky:
Primeiramente, não existe um termo técnico específico quanto a isso. Entretanto, o Efeito No Man’s Sky tem esse nome justamente por este game e por toda a sua trajetória, chegando a inclusive ganhar um troféu no The Game Awards como melhor título continuado. Para quem não conhece sua história, aqui vai. No Man’s Sky é um game de viagem espacial no qual o jogador tem a vastidão do universo ao seu alcance. Inicialmente, o título promovia uma imensurável quantidade de planetas e outras estruturas intergalácticas. A vida, sempre vista de forma congruente era feita de maneira procedural. Assim, quando o jogador entrasse em um planeta, a vida teria um sentido, uma razão. Porém, seria diferente daqueles já vistos pelo jogador. Ao todo, o Universo de No Man’s Sky teriam mais ou menos dezoito quintilhões de planetas para explorar, fazendo do título algo praticamente infinito e extremamente ambicioso.
Contudo, se a expectativa com todas as suas características estavam em alta, elas despencaram em seu lançamento. Sendo lançamento primeiramente para PlayStation 4 e PC, No Man’s Sky não só não cumpriu como o que prometeu como a experiência se tornara bem diferente. Bugs eram frequentes depois do lançamento, o que levou a Hello Games a produzir patchs de correção ainda na semana do lançamento. Além disso, toda a vida que deveria ser congruente, não era de fato diferente. Os cenários não eram tão distintos como o propagandeado, além disso, o jogador praticamente se tornava inapto para qualquer coisa. Basicamente, o que o game te permitia era explorar planetas de um lado ao outro, sendo que no Universo há uma outra infinidade de elementos para serem explorados. Em termos mais técnicos, No Man’s Sky ainda sofria com quedas abruptas de frames e resolução baixas na renderização de cenário.
Com um lançamento desastroso, duas opções. Ou esquecia-se o game ou se trabalhava duramente para recuperá-lo, assim como a imagem da empresa:
Rapidamente, foi necessário que a Hello Games iniciasse um verdadeiro plano de crise para conter o estrago, que já estava causado. Com um lançamento problemático e com jogador se mostrando decepcionados com o que o time de desenvolvimento informava e o que de fato foi produzido, o trabalho praticamente se focou em tentar resolver a situação. Até então, a empresa usava suas redes sociais para divulgar o conteúdo para seu público. Porém, com o lançamento de No Man’s Sky, isso foi cortado. A Hello Games ficou praticamente silenciosa até o final de 2016, se reservando apenas a anotações dos patches de correção. Enquanto isso, a situação só piorava. O estúdio recebeu ameaças á bomba pelo lançamento do título. Do outro lado, a Advertising Standards Authority do Reino Unido abriu uma investigação contra o estúdio alegando que sua publicidade era falsa.
Mesmo que ainda em 2016, a investigação do governo britânico absolvesse a Hello Games por propaganda enganosa, ainda assim o estrago já estava mais do que produzido. O título, embora detentor de uma generosa venda inicial, rapidamente perdeu público. A imagem da Hello Games, após ameaças e denúncias se viu fragilizada. A crise poderia ter sido contida diminuindo o diálogo com o público e criando vários patches de correção. Mas isso não era o suficiente. Na verdade, não era nem metade do trabalho que os desenvolvedores teriam para retornar a marca ao seu padrão inicial. É então que, mesmo diante das reclamações e dos problemas de seu lançamento, o estúdio decide produzir atualizações frequentes de No Man’s Sky e não abandoná-lo até que ele se encontrasse da forma como foi originalmente planejado e levado ao público.
Tempo foi necessário, mas aos poucos No Man’s Sky foi ganhando sua verdadeira imagem:
Foi necessário cerca de quatro anos, assim como uma quantidade razoável de expansões e atualizações. Origins, Next, Visions, Beyond, Synthesis são nomes de apenas alguns dos pacotes que agregavam cada vez mais conteúdo para No Man’s Sky. A empresa recomeçou a dialogar com seu público, em especial pelas redes sociais. Mesmo diante do desastroso lançamento, eles mantiveram a ideia de que No Man’s Sky seria melhorado cada vez mais. É deste momento que surge o Efeito No Man’s Sky. Por força do tempo, e dos concertos e das atualizações produzidas, o título começou a ganhar realmente o formato que deveria ter em seu lançamento. O Universo se tornou mais vívido, com uma fauna mais diferenciada e uma flora também. Os planetas eram mais distintos e as raças disponíveis igualmente. Aos poucos, se o game se distanciou de um público, passou a chamá-lo de volta.
Mais do que isso, a Hello Games se viu do céu ao inferno em questão de dias. Porém, deve de cavalgar durante anos de volta as nuvens com o trabalho incessante de sua equipe para a arrumação tanto de sua marca quanto do título que os levaram a essa situação. Mais recentemente, No Man’s Sky, que está disponível para os novos consoles da Microsoft e da Sony merece uma segunda chance. Uma vez que ele não é mais o título que foi lançado originalmente. Suas atualizações e expansões de fato produziram o que era para ser o game desde sua entrada na indústria. O impacto que o título teve foi tamanho que é possível dizer que há um marco na promoção de videogames. O que podia se promover antes de No Man’s Sky e depois de game. Basicamente, é o mesmo visto pela CD Projekt Red com Cyberpunk 2077.
No Man’s Sky se tornou um marco. Seja por seu efeito ao dar uma segunda chance, como também do que fazer em situações de crise:
O fracasso do lançamento de No Man’s Sky também repercutiu em outras empresas. A Bioware tinha a ideia de usar a geração procedural para Mass Effect. Vale lembrar que na mesma época Mass Effect Andromeda já estava em desenvolvimento. No entanto, dado os problemas ocorridos com a Hello Games, a BioWare abortou essa ideia. A Valve, dona da Steam mudou sua política de vendas de jogos devido ao título. A partir de 2016, todas as imagens dentro da loja deveriam ser da versão final. Sendo assim e depois disso, é impossível não destacar que No Man’s Sky se tornou tanto um marco do que não fazer, em termos promocionais. O Efeito No Man’s Sky assim sendo nada mais é do que uma segunda chance para um título que de fato melhorou, na maior parte de seus aspectos. Resta saber é claro se isso acontecerá com outros games.
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Se você gostou desse post sobre as segundas chances dos games, marcados especialmente por No Man’s Sky, deve gostar do Guariento Portal. Primeiramente, é importante destacar algumas listas e especiais feitos, como é o caso dos games da Supergiant Games, assim como os lançados para o Nintendo Switch e o PlayStation 5 em 2020. Assim como títulos com a alma de Dark Souls que podem ser jogados no híbrido da Nintendo. Depois, temos algumas análises feitas de games já lançados, como é o caso de Spirit Camera: The Cursed Memoir, spin-off de Fatal Frame para o Nintendo 3DS. Além é claro de Aragami: Shadow Edition da Lince Works. Quanto as mais recentes dicas e curiosidades, temos a história de Sindel, a mãe de Kitana em Mortal Kombat. Assim como a influência da suméria em Diablo III para a sua criação de mundo e os problemas no nome de Resident Evil.
* No Man’s Sky está disponível para PC, PlayStation 4 e Xbox One. Contudo, por estar no Game Pass também é possível jogar por meio de retro compatibilidade com o Xbox Series S/X. A Hello Games já havia informado que os donos do game no PlayStation 4 poderia obter um upgrade gratuito para o PlayStation 5. Já Cyberpunk 2077, o atual grande lançamento conturbado teve versões para ambos os consoles de Sony e Microsoft. Contudo, em virtude da necessidade de reembolso de jogadores insatisfeitos, a Sony retirou o game de sua loja até segunda ordem. Assim, ele se encontra apenas nas lojas do Xbox e do PC.