A Chegada da Bruxa
Bayonetta chegou em uma época onde o gênero hack ‘n slash era dominado por homens. Kratos e Dante tinham suas franquias muito bem estabelecidas e com vários fãs pelo mundo (eu incluso). Mas, será que a bruxona ‘’pernuda’’ seria capaz de roubar os holofotes no mercado?
Lançado em 29/10/09, sendo desenvolvido pela Platinum Games e publicado pela SEGA para PS3, Xbox 360 e PC. E, anos depois, sendo relançado para WiiU, Nintendo Switch PS4 e Xbox One. Tratando-se de um jogo hack ‘n slash, com muita ação em um mapa linear, uma história densa e uma bruxa linda.
Direto na ação
Bayonetta começa direto na ação, com a protagonista trocando socos e chutes com anjos enquanto cai de uma grande altura e se equilibra em uma pedra grande (sim ela é absurda). Logo depois, a cena corta para os dias atuais e podemos ver uma cena curta onde uma seita estranha está numa espécie de ritual, e em seguida, já somos levados ao prólogo e ao tutorial final.
Então, podemos controlar a bruxa livremente (depois de alguns diálogos) e ver o quão forte ela é! Após derrubar alguns anjos e quebrar o carro do nosso querido Enzo, nós conhecemos o Rodin, outro personagem recorrente na franquia. E, a partir daqui (e de mais alguns tutoriais e conversas) que o jogo começa de vez!
Não é sempre a mesma coisa!
Primeiramente, vamos ao combate que, no caso de Bayonetta, é o carro chefe da experiência. Aqui, nós podemos correr, esquivar, dar socos e chutes, atirar, executar finalizações brutais e dar pulo duplo. O combate é 100% hack’n slash e é extremamente divertido!
A Bayonetta é mais leve que o Dante, por exemplo, e os socos são tão rápidos quanto as lâminas do caos do Kratos. Existe uma mira que trava automaticamente nos inimigos, mas é possível mirar manualmente utilizando o R (R1 e RB). Além disso, os tiros se assemelham bastante ao que vemos em Devil May Cry, então se você já jogou algum, vai se acostumar rapidamente aqui.
Além disso, você vai presenciar momentos com variações de gameplay muito interessantes e que serão padrão na saga. Aqui no primeiro, temos uma fase onde montamos uma moto e outra onde surfamos em um foguete e vivemos um momentos de ‘’ jogo de navinha’’. É muito divertido, e são um respiro muito bem vindo ao hack’n slash.
A beleza do Witch Time
Entretanto, Bayonetta tem um ponto que me incomodou durante todo o jogo: A esquiva. Assim, a esquiva em si é ótima. Inclusive, toda vez que você esquiva no último segundo antes de sofrer o ataque, você ativa o Witch Time. Um modo onde o tempo desacelera e você pode descer o soco nos inimigos (é uma das coisas mais prazerosas já inventadas, inclusive). Porém, chega em um ponto do jogo, onde você libera a transformação de Pantera, e é aqui que complica.
Depois que adquirimos essa habilidade, ela fica mapeada no botão de esquiva (ZR, R2, RT) e isso fica insuportável. Por vários momentos, eu me vi querendo executar duas esquivas rápidas, mas me transformando em Pantera do nada, e acabar sendo atingida por um ataque. E, o maior problema disso, é que não é possível (ao menos na versão de Switch) remapear os comandos. Então isso me incomodou durante grande parte da campanha. Ai você deve se perguntar: ‘’Pô Zakarias, não da para acostumar?’’ E eu te respondo: Sim.
Todavia, é bastante frustrante quando você só quer acertar o Witch Time e se vê transformada em Pantera. Dito isso, eu quero registrar que este é o único ponto negativo do combate em Bayonetta. Nós podemos adquirir vários combos diferentes e isso deixa a gameplay extremamente variada! A dificuldade, é um pouco amarga, pois, aqui temos um jogo fácil de aprender, mas complicado de ser profissional. São muitos combos, e combos difíceis. Então, se você for uma pessoa que joga normalmente, vai ter momentos que as coisas vão apertar.
Um pouquinho de Sonic
Em seguida, vou aproveitar o gancho das habilidades para falar um pouco sobre as coisas que podemos adquirir em Bayonetta, e, vai por mim, são muitas. Sempre que derrotamos inimigos ou quebramos objetos, nós adquirimos anéis (idênticos aos do Sonic, sem duvida uma referência) e esses anéis podem ser trocados na loja do Rodin, conhecida como Gates of Hell.
Nela nós temos diversos itens, desde os pirulitos que restauram vida e a nossa barra de ‘’magia’’, até Witch Heart e Moon Pearl que serve para aumentar a quantidade máxima de ambas às barras. Fora isso, também podemos comprar armas (que não valem a pena), acessórios que auxiliam na gameplay (como um que faz o Witch Time ser ativado instantaneamente em troca de magia), movimentos para a Bayonetta e cosméticos.
Coleção de pirulitos
Portanto, vou explicar algumas coisas. As armas, não vale a pena comprar, pois elas são uma versão alternativa das que já vamos adquirir durante a gameplay ao coletar os LPs (vou explicar o que são mais para frente), ou seja, se você comprar uma, vai gastar uma grana para ter duas armas iguais! Não cometa o mesmo erro que eu. Agora os acessórios, podemos equipar dois por vez, e, como eu disse, nós dão bônus. Eu não usei nenhum, mas adorei ter esse tipo de customização. Fica à seu gosto.
Para fechar, gostaria de comentar sobre os baús espalhados pelo mapa, que nós dão itens de criação. Esses itens servem para criar pirulitos (e me salvaram na reta final). Com eles nós podemos criar todos os tipos, desde os que curam HP até os que dão uma fortalecida no ataque da bruxa. Eu demorei para usar a criação, mas ela foi providencial para a minha sobrevivência.
Agora, sobre os movimentos, existem vários! Eu aconselho o crown within, e principalmente, o Breakdance! Ele é um golpe onde a Bayonetta faz um movimento de break (é sério) e atira de tudo quanto é jeito. É um movimento incrivelmente quebrado e da um dano absurdo! Mas cuidado, que a animação final dele, deixa a bruxa vulnerável! Então, assim que ele acabar, já se esquive logo. Outra dica: Compre o Red Hot Shot, sempre que possível, pois ele revive a gente.
A maldição da Graça e da Glória
Logo depois, vamos aos inimigos. Aqui, a Bayonetta enfrenta vários e vários anjos, de todos os tipos de tamanhos. Eu, particularmente, adorei o design mesmo dos comuns. São bem marcantes e os chefões passam uma sensação de grandeza e força impressionantes. Porém, curiosamente, os que mais me marcaram foram o último e a Jeanne, que não são anjos.
Mas, o jogo peca um pouco na repetição de inimigos quando não precisa. E isso ficou claro para mim ao enfrentar Grace & Glory várias e várias vezes durante o jogo! Vale ressaltar que, para mim, eles são os inimigos mais difíceis do jogo, porque são rápidos, fortes e vem em dupla. Então, foi uma experiência incrivelmente frustrante ter que enfrentar esses dois várias e várias vezes!
Todavia, nós temos um mini game entre as fases, chamado Angel Attack, onde devemos atirar em anjos que ficam se mexendo, com poucas balas. E, cada acerto, nos dão pontos que podem ser trocados por itens ou anéis. Porém, mesmo sendo os mesmos inimigos, não se torna repetitivo como Grace & Glory.
Soneca revigorante?
Ao passo que falamos dos inimigos, chegou a hora de comentar sobre os amigos! Vamos a trama de Bayonetta. Então, resumindo bem para evitar qualquer tipo de spoiler, a questão que se passa é muito simples. Bayonetta é uma Umbra Witch, que, nada mais é, do que uma sociedade de bruxas extremamente poderosa que existe à muitos anos. Porém, a nossa bruxa favorita perdeu a memória após dormir por 500 anos (se eu durmo por 10 horas já acordo sem rumo, imagina por 500!).
Entretanto, ninguém gostar de ficar sem memória, e, por isso, ela parte em uma jornada para relembrar do seu passado e, mais do que isso, desvendar os acontecimentos estranhos que tem ocorrido no mundo. Já que, no presente momento, os anjos estão aparecendo aos montes e parece haver um certo desequilíbrio no mundo. Além disso, uma tal de Jeanne aparece de tempos em tempos para lutar contra a Bayonetta e colocar mais pulgas atrás da orelha da bruxa.
Um amor por Cereza.
Todavia, nessa jornada, nós ainda conhecemos o engraçadinho Luka (que também se tornará recorrente na série) que culpa a gente pela morte de seu pai. Além dele, uma garota chamada Cereza, tem certeza que Bayonetta é sua mãe e começa a segui-la. Então, é nessa confusão entre Bayonetta, Luka, Cereza e Jeanne, que nós vamos abrindo caminho e desvendando mais sobre nosso passado!
Bayonetta, assim como God of War, traz muitas ceninhas. Muitas mesmo. Contando mais sobre a situação. E, além disso, temos vários e vários documentos espalhados que contam mais sobre a lore do jogo, e eu recomendo cada um deles. Não é normal um hack’n slash se preocupar tanto com o universo à sua volta igual vemos aqui, e valeu cada esforço. A história do Left Eye, das Umbra Witches, dos Lumen Sages, tudo bem construído e rico em conteúdo!
Agora, sobre a trama em si, ela é relativamente simples, porém muto intrigante. É muito bom descobrir quem é a Cereza, quem é Jeanne, e sobre o passado da Bayonetta. O jogo te da tempo o bastante para se importar com os personagens (como o Luka) ou desgostar deles (como o Enzo). Admito que, por ter muitas ceninhas, o ritmo às vezes é quebrado. Mas vale a pena prestar atenção.
A bruxa dançarina
Depois que falamos da história, é hora do lado técnico.
Aqui, temos uma trilha sonora simplesmente épica! Bayonetta é uma dançarina (faz até breakdance, como eu disse) e ela não merecia menos do que uma trilha maravilhosa. Todas as músicas são ótimas e memoráveis!
Já sobre os gráficos, vemos uma direção artística que puxa mais para os tons pastéis. O modelo da Bayonetta é o mais bonito, mas nenhum outro personagem fica para trás. Inclusive, os cenários são bonitos e detalhados, e existem vários objetos destrutíveis.
Agora, sobre o level design. Ele é simples, mas interessante. Além das já mencionadas fases de respiro com a gameplay na moto, por exemplo, nós temos muitos segredos espalhados pelos mapas! Incluindo colecionáveis. Os mapas não são grandes, mas tem capricho!
A catadora de LPs.
Por fim, vamos ao conteúdo extra. Aqui, temos uma quantidade boa de conteúdo para os colecionistas.
Bayonetta traz os desafios de Alfheim. Nada mais são do que fases extras espalhadas dentro da campanha. Vem com vários desafios que dão pedaços de coração e de pérola lunar. Com quatro pedaços você forma um Witch Heart e aumenta a vida máxima, e com dois pedaços da pérola você forma a Moon Pearl e aumenta a magia máxima. E eu já adianto, alguns são muito difíceis. Eu mesmo fiz uma quantidade boa, mas não consegui finalizar todos (inclusive nem achei todos). É um desafio muito bom para quem quer jogar Bayonetta de forma exepcional!
Mas, não para por aí! Ao terminar todos os desafios de Alfheim, você libera o Lost Chapter que nada mais é do que várias e várias ondas de inimigos, que você vai derrotando sem parar. E enfrenta um chefão a cada dez fases. Lembra o Bloody Palace do Devil May Cry.
Além disso, nós temos os LPs que são discos de vinil que, ao levarmos ao Rodin, são trocados por armas novas! Essas armas, podem ser equipadas tanto nas mãos quanto nas pernas da bruxa (não são todas, claro) e isso ainda aumenta mais a variedade de gameplay, pois podemos criar vários sets para a Bayonetta! Todavia, nem sempre encontramos os LPs completos. Muitas vezes, eles veem em pedaços e precisamos juntar todos.
The Legend of Bayonetta!
Outro detalhe legal são os Umbran Tears of Blood que são corvos espalhados pelos mapas que devemos coletar e revelam segredos! Vale ressaltar também, que cada fase possui uma pontuação, com base no dano que levamos (quanto menos, melhor), nos combos que fazemos e no tempo gasto. Elas nos geram troféus que vão de Pedra até Platina Pura. Ou seja, mais conteúdo ainda!
Fora isso, ainda tem a questão de ter todas as roupas, todas as habilidades, todos os acessórios. Ou seja, Bayonetta traz um caminhão de conteúdo extra para esticar a sua jogatina por horas e horas.
Por fim, a versão de Switch ainda conta com três roupas exclusivas. Temos a roupa do Link, da Samus, da Peach e da Daisy e todas contam com habilidades especiais, não são só skins! A do Link, por exemplo, você tem combo exclusivo da Master Sword, todos os anéis se tornam as rúpias verdes e os itens especiais, quando são coletados, tem o mesmo som dos jogos do Zelda! É uma experiência muito gratificante! Eu mesmo estou zerando novamente vestido de Link e depois vou me arriscar como Samus!
Conclusão:
Em síntese, Bayonetta chegou com o pé na porta no clube do bolinho e fez bonito! Trouxe uma gameplay assustadoramente viciante, uma história densa e interessante com uma boa variedade de chefões e aliados. Tem gráficos bonitos, uma ambientação bem feita e um level design bem pensado. Além disso, carrega uma quantidade incrível de conteúdo extra, e se você jogar no Switch terá ainda mais! Peca um na escolha do botão de transformação em Pantera, na repetição de inimigos, e nas várias cenas que acabam quebrando o ritmo.
Todavia, é um dos melhores hack’n slashes já feitos e merece toda a atenção do mundo. Bayonetta é uma bruxa linda, forte, carismática e até carinhosa em alguns momentos, e, sem duvida, vai enfeitiçar seu coração.
Números
Bayonetta
Bayonetta é um hack'n slash com um universo bem construído, um combate viciante, uma trilha sonora cativante e uma protagonista muito carismática e poderosa
PRÓS
- Combate viciante
- Personagens carismáticos
- Uma ótima trilha sonora
- Chefões legais e desafiadores
- Muito conteúdo extra
- História envolvente
CONTRAS
- Repetições desnecessárias de inimigos
- Alguns controles não funcionam tão bem
- As ceninhas as vezes cortam o clima de ação