Quando se pensa em jogos ao estilo de sobrevivência, é possível encontrar exemplares atrelados ao horror. É o caso de Amnesia, Outlast e Resident Evil em seus primeiros momentos. Contudo, existe também uma outra linha para jogos do gênero, aqueles que não precisam de sustos ou criaturas para assustar. A simples ideia de sobreviver já é mais do que o suficiente para tal. Deste lado, temos The Flame in the Food, game indie produzido pelo estúdio norte americano The Molasses Flood. E que também está disponível para outras plataformas além do Nintendo Switch. Na premissa, temos o personagem, ou melhor, a personagem, Scout, que deve sobreviver em uma terra arrebatada por um dilúvio. Ao seu lado apenas uma cadela, Daisy, e uma bolsa de suprimentos. Os perigos estão por todos os lados. Resta saber se o game consegue manter esse enredo e integra algo competente.
Mesmo com uma premissa simples, não pense que sobreviver será uma tarefa simples:
Primeiramente, The Flame in the Food tem um foco extremo nos termos de sobrevivência, se fazendo como um dos destaques do título. Como já mencionado, o mundo foi abatido por um dilúvio, e a sua personagem sobrevive ao lado de um cachorro. Para encontrar suprimentos e continuar vivendo, é necessário atravessar o rio que se tornou a Terra e buscar nas pequenas ilhotas comida e água potável. Assim como manter sua pequena jangada ilesa. E sem dúvida alguma, o clima de apocalipse e mais um vez, sobrevivência reverbera no título de forma consolidada. Não há necessidade de monstros ou coisas do tipo, afinal, tudo pode lhe matar. E o jogo não faz questão nenhuma de amenizar isso. Ao tomar água contaminada, é possível ficar doente. Dormir no relento com chuva abaixará sua temperatura. São diversas variáveis que o jogador deverá ter cuidado.
E com isso, mais do que simplesmente sobreviver é necessário pensar. O estoque de itens é extremamente limitado. Mas não pelo motivo errado. Afinal, é um clima de mundo devastado. Assim sendo, é necessário que cada uso, seja de água potável, de um alimento ou coisa do tipo seja bem pensado. O título informa em sua tela inicial caso o personagem esteja com problemas. Ao todo, o jogador deverá se concentrar em quatro itens, fome, sede, sono e doença. Todos eles devem ser mantidos em condições adequadas para a sobrevivência. Além de todos esses problemas, animais selvagens como lobos também serão problemas consolidados em The Flame in the Flood, já que eles poderão aparecer e simplesmente acabar com a sua jogatina. Assim, todo o cuidado é pouco, e deve ser redobrado especialmente a noite.
Dificuldade acima do esperado e atributos técnicos também marcam The Flame in the Flood:
Continuando nesse aspecto, The Flame in the Food apresenta uma dificuldade acima dos jogos mais convencionais. O que poderia ser considerado um problema. Contudo, é perfeitamente agregado a sua premissa. Assim que o jogador abre o jogo, se encontra em um recanto do mapa, perto de uma fogueira, e deve desenvolver a partir deste momento a exploração do mapa. É muito provável que a morte ocorra diversas vezes até que o jogador entenda o que deve fazer, especialmente pelo fato de que tudo deve ser muito bem pensado. E isso sem dúvida é um dos maiores acertos do game. Não é simplesmente sobreviver buscando itens desenfreadamente, mas sim entendendo o jogo e usando de maneira cada vez mais eficiente tudo que você tem ao seu alcance. Afinal, os recursos são limitadíssimos.
Quanto aos componentes mais técnicos, o game é o indie, mas mesmo assim apresenta uma arte conceitual cativante. Além disso, os ambientes apresentam uma quantidade considerável de itens e de mudanças. O sistema de dia e noite presente, assim como de mudanças climáticas trás ainda mais vida ao ambiente. E de fato é muito bem feito, sendo que não há queda de frames ou da fluidez do título mesmo com tudo ocorrendo na tela do Nintendo Switch, assim como renderizações de luzes e de sombras. A trilha sonora também é bastante competente, imergindo o jogador na ideia de mundo distópico, onde você só tem ao seu alcance um pequeno cachorro como amigo. E assim, deve sobreviver vasculhando todo o resto de civilização que ali existiu.
O foco é na sobrevivência a todo o momento, o que pode parecer repetitivo:
Quanto ao próprio ambiente, saiba que as pequenas ilhas que se encontram em The Flame in the Food são geradas de maneira procedural. Desta forma, nem sempre o que você encontrou da primeira vez estará ali novamente depois de você entrar novamente no título. Isso claramente auxilia na ideia de novidade e de longevidade do título. Mas também causa um certo problema. Como gênero de sobrevivência, o título se mantém de maneira exclusiva nessa narrativa. Sobreviva o maior tempo que puder. Assim, o jogador estará sempre na ideia de sobreviver, sem qualquer novidade, o que pode deixar para alguns uma ideia de repetição. Ao entrar de cabeça em The Flame in the Food saiba que a todo o momento, você estará pensando em uma única coisa, sobreviver. Sem nenhum desvio de pensamento.
Se aproximando mais agora dos controles, infelizmente, The Flame in the Food tem uma rigidez na jogabilidade, em especial tempos de carregamento bastante longos que incomodam. Ações simples, como sentar próximo de uma lareira tem um tempo de espera respeitável, enquanto que os menus as telas de carregamento são bastante demoradas. Infelizmente, diversos fatores podem ter causado isso, como a questão a própria forma de portabilidade da versão Switch. Junto a essa situação, temos uma certa desorganização dos itens. Por mais que seja simples chegar ao inventário do jogador, ainda assim ele aparece de forma esparsa, sem muito consistência. A ideia de ser um catástrofe aquática na Terra até pode entrar como desculpa, mas é uma desorganização desnecessária e que fará o jogador perder alguns minutos preciosos tentando entender o motivo.
Com alguns defeitos, a qualidade de The Flame in the Flood como um game de sobrevivência se sobressai no catálogo do Switch:
No fim das contas, The Flame in the Food apresenta maiores qualidades do que defeitos. A princípio, a ideia de explorar de forma seca e crua a sobrevivência, retirando-se o horror o coloca como um título peculiar. Scout, a personagem e sua cadela Daisy devem sobreviver a maior quantidade de tempo em um mundo devastado por um dilúvio. Para isso, o jogador deve pensar, sendo o maior triunfo do game. Todas as ações produzidas gerarão uma consequência futura, como a vida e a morte do jogador. Tal como a vida em um mundo pós-apocalíptico. Comer, beber e se manter saudável são variáveis que devem ser verificadas a todo o momento, até de forma mais preocupante do que explorar o mundo por meio de uma jangada. Atrele isso a uma boa execução técnica e o título ganha um charme mais do que especial na imersão do jogador.
Claro que nem tudo são flores, e The Flame in the Food pode ser afogar em alguns aspectos. Os controles não são tão responsivos, por exemplo. Além disso, por mais que a longevidade seja elevada pela questão do ambiente ser criado de forma procedural, o jogador pode se ver eternamente na mesma ideia de que deve sobreviver. Sem missões que inovem, pelo menos um pouco a jogatina. Além disso, o inventário desorganizado acaba criando uma dificuldade maior, que também é um ponto positivo do título, mas de forma desnecessária. Se já não bastasse todos os cálculos e pensamentos para os atos e ações do jogador. No fim das contas, o título chega como uma aquisição considerável para o Nintendo Switch. Um jogo de sobrevivência simples que avança na beleza de seu ambiente e na premissa simples, sobreviver em um ambiente hostil.
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Números
The Flame in the Flood (Switch)
Direto, The Flame in the Flood apresenta um mundo devastado por um dilúvio, no qual o jogador deve simplesmente sobreviver com suas ações.
PRÓS
- Sobrevivência e estratégia muito bem trabalhadas na narrativa.
- Esteticamente belo, com uma trilha sonora imersiva.
- Alto grau de dificuldade, perfeito para um jogo neste estilo.
- Ambiente vívido e feito de maneira procedural, que aumenta também a longevidade.
CONTRAS
- Controles ríspidos e inventário dificultam desnecessariamente a jogabilidade.
- Tempos de carregamento excessivos entre as telas e as ações.
- Repetição da ideia de sobrevivência a todo momento.