VOCÊ JÁ SATISFEZ SEUS DESEJOS TOLOS SOBRE MITOLOGIA?
Normalmente, histórias da mitologia são envolventes, sejam elas quais forem. O Rapto de Perséfone por Hades e a Queda de Cronos na Mitologia Grega. Ou então o Ragnarök das mãos de Surtur para a Mitologia Nórdica. São narrativas que levariam a aplausos de Hesíodo e usadas até hoje por escritores modernos, como Rick Riordan e Neil Gaiman. No mundo dos jogos, isso não é diferente. Se, por um lado, o Nintendo Switch não detém uma cópia de God of War (2018), uma das mais famosas franquias da Sony, por outro é uma plataforma competente. Isso é, quando se trata de títulos com alto teor mitológico. Da fuga do Submundo Grego com Hades (2020) até uma jornada pelos delírios psicológicos de Hellhein em Hellblade: Senua’s Sacrifice (2017), o híbrido da Nintendo passeia da Índia até a Escócia, da Grécia ao Japão, trazendo lendas para uma história moderna em jogos imperdíveis.
#1: HADES (2020), DA SUPERGIANT GAMES:

Em primeiro lugar, é impossível não começar com a mensção de um dos melhores jogos de 2020. Seu nome é Hades, produzido pela californiana Supergiant Games, responsável por outros jogos como Bastion (2011) e Transistor (2014). Em Hades, o jogador controla Zagreus, filho do deus do submundo, em uma fuga frenética, ao melhor estilo roguelike, em que cada partida é única. Com forte inspiração na mitologia grega e tendo como base o relacionamento de Hades e Perséfone, o jogo mistura ação com uma narrativa interessante, com a participação de deuses como Atena, Ares e Afrodite. Cada morte ou tentativa de Zagreus traz novas conversas e possibilidades, o que mantém o enredo sempre em expansão. Além disso, a estética estilizada e a trilha sonora são marcantes. Seu legado foi o suficiente para uma sequência, Hades II, que estará disponível no Nintendo Switch e em seu sucessor em algum momento de 2025.
#2: IMMORTALS: FENYX RISING (2020), DA UBISOFT QUEBÉC:

Embora mais cômico que Hades, a mitologia grega também é inspiração para Immortals: Fenyx Rising. Trata-se de uma propriedade intelectual inédita da francesa Ubisoft e produzida pelos estúdios de Quebéc, no Canadá. Da Casa de Assassin’s Creed: Shadows (2025), o jogador se transforma em um guerreiro – ou uma guerreira – que deve restaurar o Olimpo após o retorno de Tifão, O Pai de Todos os Monstros, que fugiu do Tártaro. O mundo aberto é cheio de quebra-cabeças, combates com criaturas mitológicas e referências divertidas, como o Aprisionamento de Prometeu. O estilo artístico cartunesco e a narrativa leve tornam o jogo acessível sem perder profundidade. Com uma forte influência do jogo The Legend of Zelda: Breath of the Wild (2017), Immortals: Fenyx Rising ainda ganhou expansões. Assim, acrescentando novos deuses, como Poseidon e Hades, e também o mundo chinês de Ranuman, o Rei Macaco de Black Myth: Wukong (2024).
#3: ACHILLES: LEGENDS UNTOLD (2025 NO SWITCH), DA DARK POINT GAMES:

Saindo do humor inegável de Immortals: Fenyx Rising, a mitologia grega fecha sua trilogia com uma narrativa mais séria, onde os perigos são constantes. Uma aventura que parece mesclar o estilo isométrico de Diablo III (2012) com a temática soulslike mais do que famosa da From Software, idealizadora de Dark Souls: Remastered (2018). Desenvolvido pela polonesa Dark Point Games, Achilles: Legends Untold é sua introdução nesse mundo, no qual traz uma abordagem quase tática da mitologia grega. O jogador se encontra na pele de Aquiles, o protagonista e o lendário herói da Guerra de Troia, em uma jornada repleta de combates brutais e labirintos traiçoeiros, bebendo da fonte inclusive de RPG’s clássicos, com uma enorme árvore de progressão. Achilles: Legends Untold oferece um combate cadenciado e desafiador, enquanto revisita locais e inimigos inspirados nos mitos mais conhecidos da Grécia antiga. Um título independente e consistente ao que propõe.
#4: HELLBLADE: SENUA’S SACRIFICE (2019 NO SWITCH), DA NINJA THEORY:

Pegando um barco da Grécia para as geladas terras do Norte da Europa, um exemplo clássico do bom uso da Mitologia Nórdica está em Hellblade: Senua’s Sacrifice. Desenvolvido pela inglesa Ninja Theory, uma subsidiária da Xbox Game Studios desde 2018, Hellblade usa uma lente psicológica intensa. Aqui, o jogador acompanha Senua, uma guerreira celta, numa jornada solitária ao reino de Hela para resgatar a alma de seu amado. O jogo se destaca por seu excelente trabalho de sonoplastia, representando a psicose da protagonista com vozes e delírios, enquanto enfrenta deuses e monstros nórdicos. É uma experiência imersiva, emocional e artisticamente poderosa, que o levou a ser um dos melhores de 2017. Tal como Hades, seu legado e qualidade foram o suficiente para que uma continuação. Senua’s Saga: Hellblade II foi lançado em 2024 e não está disponível no Nintendo Switch, sendo um exclusivo do Xbox Series S/X e do PC.
#5: TRIBES OF MIDGARD (2022 NO SWITCH), DA NORSFELL GAMES:

Saindo do delírio coletivo de Hellblade: Senua’s Sacrifice para o Ragnarök mais nórdico do que aquele do filme da Marvel, temos Tribes of Midgard. Da mente da canadense Norsfell Games, o jogador assume o papel de um Einherjar, um guerreiro dos contos Vikings, encarregado de proteger sua vila durante os eventos mais poderosos do Ragnarök. Ali, está escondida a semente da Yggdrasil, a árvore dos reinos. Misturando elementos de sobrevivência, RPG’s isométricos e um modo cooperativo online, o jogo é fortemente baseado na mitologia nórdica, com gigantes, elfos negros e outros seres lendários sendo seus piores adversários. O visual vibrante e o ritmo dinâmico o tornam ideal tanto para partidas individuais quanto em grupo. Porém, Tribes of Midgard valoriza muito mais o trabalho em equipe dado o senso de urgência dessa lenda apocalíptica, que leva o fim à vida de personalidades como Odin e Thor.
#6: JOTUN: VALHALLA EDITION (2018 NO SWITCH), DA THUNDER LOTUS GAMES:

Contudo, ainda na alçada dos Vikings e de Valhalla, temos outro jogo independente que trabalha com maestria o misticismo dessa mitologia. Da também canadense Thunder Lotus Games, de 33 Immortals (2025) e Spirtfarer (2020), Jotun: Valhalla Edition é uma carta de amor à mitologia nórdica com um estilo artístico desenhado à mão, quadro a quadro. O jogador controla Thora, uma guerreira viking que precisa provar seu valor aos deuses enfrentando os temíveis Jotuns, nome comum aos gigantes, mas que aqui representam diversos elementos. O combate é mais lento e estratégico, mesmo contendo poderes por runas, como as do Martelo de Thor e a Lança de Odin. Mesmo assim, essa jogabilidade contrasta com o visual épico e a trilha sonora atmosférica. A narrativa minimalista, de rápida duração, porém simbólica, reforça a ligação com os mitos e o respeito pelas lendas ancestrais. Uma excelente homenagem para essas histórias milenares.
#7: OKAMI HD (2018 NO SWITCH), DA CLOVER STUDIO E CAPCOM:

Se a neve cai no Norte da Europa, o Sol brilha nas terras do Japão. Desenvolvido originalmente pela extinta Clover Studio e publicado pela Capcom, de Resident Evil Village (2021) e Street Fighter 6 (2023), Okami é uma legítima obra-prima que mistura ação e arte inspirada na mitologia japonesa. No controle de Amaterasu, a deusa do sol em forma de loba branca, o jogador percorre um mundo belíssimo. Porém, repleto de yokais, espíritos e divindades do folclore nipônico, como Orochi, o antagonista. O visual aquarelado imita as pinturas tradicionais japonesas, e a mecânica do pincel celestial é única. É um título poético, reverente e visualmente inesquecível, com uma direção artística que dificilmente é encontrada em outro lugar. Além de uma sequência espiritual exclusiva do Nintendo DS, Okami reviveu aos olhos da Capcom com uma futura continuação. Porém, sem grandes detalhes nem mesmo uma janela de lançamento.
#8: RAJI: AN ANCIENT EPIC (2020), DA NODDING HEADS GAMES:

Partindo do mito de Amaterasu e atravessando o Ganges e o Bramaputra, Raji: An Ancient Epic é o jogo que celebra a religião hindu e suas inúmeras histórias. Sendo o primeiro game do estúdio independente indiano Nodding Heads Games, Raji: An Ancient Epic apresenta uma jornada onde Raji, a protagonista, é uma jovem acrobata escolhida pelos deuses para enfrentar demônios e resgatar seu irmão, que se encontra nas garras do terrível Mahabalasura. Misturando eventos hindus e birmaneses e com cenários inspirados em templos antigos, trilha sonora regional e referências a deuses como Durga e Vishnu, o jogo oferece um mergulho cultural raro. Afinal, é difícil encontrar jogos com a temática das religiões dármicas, ainda mais no Nintendo Switch. A jogabilidade combina ação e plataformas com belos visuais desenhados à mão, como se fosse influenciado por outras obras como Dante’s Inferno (2010), mas sem perder sua essência indiana.
#9: EL SHADDAI: ASCENSION OF THE METATRON (2024 NO SWITCH), DA IGNITION TOKYO:

Aliás, viajando agora para o Ocidente com a participação de envolvidos em Devil May Cry (2001) e em Okami (2005), o mundo judaico de Behemoth, Leviatã e Ziz são as peças necessárias para El Shaddai: Ascension of the Metatron. Originalmente produzido pelo extinto Ignition Tokyo, é um jogo que mistura um apócrifo para os judeus e cristãos, o Livro de Enoque, com um estilo visual psicodélico. Com o jogador no controle do protagonista, um escriba celestial que deve impedir a queda da humanidade, depois que ela evoluiu através da junção de seres celestiais, criando os híbridos Nefilins. Os Arcanjos e os Céus então tratam da ideia de um dilúvio para varrer a criação corrompida. Com uma jogabilidade que alterna entre ação 3D e plataformas 2D, o título impressiona pela ousadia estética e pela temática. É uma experiência singular que reimagina os textos sagrados com certa criatividade e estilo.
#10: HELVETII (2023), DA TEAM KWAKWA:

Finalmente, encerrando os ciclos de vida e morte e de mitologias ao redor do mundo, os celtas também têm um elemento para chamar de seu. Criado pelo estúdio independente suíço Team KwaKwa, Helvetii mergulha nas mitologias galo-romanos também com um estilo visual desenhado à mão. O jogo mistura combate rápido em 2D com uma narrativa baseada em lendas esquecidas da Suíça antiga. Sua progressão também remete semelhança de clássicos como Castlevania: Order of Ecclesia (2008) e Blasphemous (2019). Contando com três personagens jogáveis e habilidades únicas disponíveis em Helvetii, o jogador enfrenta diversas criaturas mitológicas inspiradas em histórias celtas e latinas. É uma proposta ousada e refrescante, que resgata mitologias pouco exploradas, tendo a mesma sensação de Raji: An Ancient Epic e El Shaddai: Ascension of the Metatron. Isso prova que não só de Grécia e Vikings se vive a mitologia.
10 ÓTIMOS JOGOS… MAS EXISTEM MUITO MAIS NO NINTENDO SWITCH:
Pois bem, dos 10 jogos imperdíveis no Nintendo Switch que possuem uma carga mitológica, temos uma enorme variedade e algumas especificações. Com exceção de El Shaddai: Ascension of the Metatron e Okami HD, todos os outros estão prontamente à disposição em português, melhorando sem dúvida a imersão do jogador falante deste idioma e fazendo bem mais do que a The Pokémon Company ousa fazer com sua franquia. Além disso, todos os títulos também estão àdisponíveis na loja virtual do console no Brasil, com exceção de Raji: An Ancient Epic. O jogo indiano, embora tenha localização em Português, só pode ser obtido nas lojas americanas e mexicanas da plataforma. Independente de tudo isso, quando o assunto é mitologia, existe uma fonte inesgotável de jogos, como Darksiders 2: Deathnitive Edition (2019)e Tunche (2021). Mas isso é assunto para outras aventuras, e quem sabe, outro momento…