Armas sempre existiram na história humana, e possivelmente sempre vão existir enquanto os humanos andarem pela Terra. Entretanto, as mitologias ao redor do planeta sempre destacaram armas especiais que, por vários fatores, eram capazes de formar maravilhas. Na Grécia, o Tridente de Poseidon, o Elmo das Trevas de Hades e os Raios de Zeus foram as armas perfeitas para a derrota dos Titãs. No Japão, as lanças que perfuraram a existência de Izanami e Izanagi criaram o que hoje existe. E é claro, o mundo nórdico, tão focado em combates não poderia ter os seus tesouros da Terra de Odin. E um desses sem dúvida é a Lança de Gungnir, um presente dado pelo Senhor das Trapaças, mas que tinha uma qualidade, ela jamais errava o seu alvo. Conheça um pouco mais deste mítico artefato nesta Curiosidade Mitológica aqui do Guariento Portal.
Feita pelos anões de Nidavellir, a Lança nunca erra o alvo.
Pois bem, a Lança de Gungnir é um artefato produzido pelos anões, estando guardado dentro de uma de suas oficinas no Reino de Svartalfhein, ou, para descomplicar, Nidavellir, a morada dos elfos das trevas. Conta-se que Loki teve de ir até este reino, e aproveitando-se de sua boa lábia e por ser o deus da trapaça, conseguiu adquirir alguns maravilhosos tesouros. Como sua pessoa não estava em bom grado com Odin e todos os outros, decidiu comprá-los dando os presentes que obteve em viagem. Assim, Thor, Frey e o próprio Odin ganharam artefatos, e ao rei sentado em Valhalla coube uma lança que nunca errava. Não interessava o quão longe ou o que o alvo fizesse, ela sempre acertava. Era a Lança de Gungnir. Assim, Loki conseguiu apaziguar o panteão nórdico mais uma vez.
De sua produção, não é possível dizer muita coisa dentro da Mitologia Nórdica, apenas que, como forjada pelos anões, a lâmina de Gungnir era praticamente inquebrável. Além disso, transpassava qualquer material que existe, seja mineral, mágico, vegetal ou vivo. Da mesma forma que o martelo de Thor, o Mjolnir, uma vez lançado, a Lança de Gungnir sempre retorna para as mãos de seu dono, ninguém menos do que Odin. A lança se tornou símbolo de tamanho poder que, tal qual o juramento pelo Rio Estige em seu homólogo grego, em hipótese nenhuma essa promessa poderia ser quebrada. Nem mesmo pelos próprios deuses. Algumas runas cercavam o cabo da lança. Isso se deve ao fato de que esta arma foi usada por Odin durante seus nove dias e nove noites fincados na Yggdrasil para buscar todo o conhecimento do mundo.
Foi necessário acertar três vezes Gullveig para matá-la.
Quando usada em combate, a Lança de Gungnir não se mostrava como uma lança qualquer. Mesmo que Odin a jogasse em linha reta, ela tinha a peculiaridade de encontrar seu alvo girando, e inclusive fazia curvas. Entretanto, também era capaz de matar os imortais. Certa vez, uma bruxa deusa Vanir chamada de Gullveig foi julgada pelos Aesir, a classe de Odin, Thor e família e sentenciada a morte. Isso pelo fato de que ela era incômoda e extremamente gananciosa, chegando a se transformar em ouro. Sua sentença era a morte. Foi necessário que Gungnir ferisse três vezes a bruxa para que ela finalmente morresse. Da primeira vez, ela apenas sorriu cruelmente perante os deuses. Na segunda ela ficou imóvel, sentindo as dores mas não caiu. Somente na terceira, depois de um grito que dominou a alma dos deuses é que Gullveig morreu.
Na última batalha dos deuses, Odin estava destinado a enfrentar Fenrir, a monstruosa prole de lobo de Loki. Ele usaria sua arma mais valiosa. A Edda em Prosa [escritos do islandês Snorri Sturluson, conhecido como o “pai” da Mitologia Nórdica] descreve Odin cavalgando para a batalha com os Einherjar, os guerreiros de Valhalla. À frente do grande exército, ele estará usando um elmo dourado, uma impressionante capa de malha, e carregará Gungnir. Embora Odin carregasse sua arma favorita para a batalha, Gungnir não seria o suficiente para deter o lobo terrível. Fenrir mataria Odin e todos os Einherjar antes de finalmente cair para o filho de Odin, Vidar ou Vídar.
Descrição na Página Mitos e Lendas acerca da Lança de Gungnir.
Mesmo poderosa, ela não será páreo para o lobo Fenrir.
No Ragnarok, o fim dos tempos da Mitologia Nórdica, a Lança de Gungnir novamente aparece. Embora sem dar muitos resultados. Cavalgando a frente do exército de Valhalla estará Odin, montado em Sleipnir, seu cavalo de oito patas e carregando sua arma. Um dos seus maiores tesouros. Seu desafio será destruir Fenrir, o lobo gigante filho de Loki, novamente ele, o deus da Mentira. Porém, o Ragnarok conta que Odin não conseguirá derrotar a criatura e será morto por ele. Porém, como deus da vingança, Vídar, um dos filhos de Odin conseguirá ferir mortalmente Fenrir, arrancando completamente sua mandíbula. Ele aliás é um dos poucos sobreviventes do fim do mundo, sobrevivendo ao fogo de Surtur. Quanto a Lança de Gungnir, bem, não sabemos o que acontecerá com ela quando este dia chegar. Mas sem dúvida alguma, é um dos artefatos mais poderosos de Odin e da Mitologia Nórdica.