Ah, quando falamos da indústria do mundo dos games, sempre pensamos em praticamente duas vertentes. A repetição e a inovação. Fórmulas mais do que consagradas, na maior parte das vezes são aprimoradas, mas não há mudanças colossais. É o que acontece com a franquia Pokémon, e com alguns parênteses com Assassin’s Creed, carro chefe da francesa Ubisoft. Outros são vistos como inovadores, alterando completamente a estrutura de seus alicerces, como Quake, o primeiro, e The Legend of Zelda: Breath of the Wild, com sequência confirmada. E é buscando um vento mais quente, como o de Eósforo que a Ubisoft Québec trouxe um novo título para quem sabe uma franquia vindoura. Chamado de Immortals: Fenyx Rising, o jogador é colocado em um mundo onde a Mitologia Grega transborda. Resta saber se o game vale a pena, na sua versão de Nintendo Switch nessa Análise do Guariento Portal.
Jogue como Fenyx, uma nova semideusa alada, numa missão para salvar os deuses gregos e seu lar de uma maldição sombria. Enfrente feras mitológicas, domine os poderes lendários dos deuses e derrote Tifão, o Titã mais letal da mitologia Grega, numa luta épica e histórica.
Descrição de Immortals: Fenyx Rising no Site Oficial da Ubisoft do Brasil.
Zeus, Prometheus, Afrodite, Ares… Todos os personagens tem sem dúvida, a melhor localização em Português do Brasil que a Ubisoft já ousou fazer em um game. Não existe defeitos nessa parte do game.
Primeiramente, o ponto chave desta Análise e de como Immortals: Fenyx Rising é sem dúvida alguma é o seu humor e como foi localizado de forma excelente para o Português do Brasil. Se você acompanha outras Análises do Guariento Portal, sabe como é difícil encontrar um game onde esse aspecto é relevante. Mas aqui, no game da Ubisoft, ele é fundamental. Como uma comédia que beira ao pastelão, as aventuras do jogador, na pele do customizável Fenyx é narrada por Zeus, o todo poderoso deus do Olimpo e Prometheus. No entanto, esqueça a seriedade das histórias gregas, como a de Medusa ou de Tífon. Aqui, tudo é passível de piadas no momento certo e algumas ponderações que abrilhantam e trazem uma vida muito diferente de qualquer jogo de mundo aberto. Até pelo fato de que sua intenção era se distanciar dos mais sérios, como Assassin’s Creed: Valhalla.
Junto desta narrativa muito da agradável, temos a estrutura mais técnica que combina, assim como da própria apresentação dos personagens. Em termos gráficos, a Ilha Dourada, local onde todas as aventuras do jogador se passa é bela e tem suas próprias passagens. Jardins maravilhosos nas terras de Afrodite, uma enorme fortaleza para Hefesto, o Senhor das Fornalhas, assim como um espaço deserto e de campos abertos e rochosos para Ares, o frangote deus da Guerra. Cada espaço tem sua memória, sendo bem adornado inclusive com plantas, animais e criaturas das mais diversas e uma trilha mística e divertida. Não se pode dizer que existem espaços onde o vazio é considerável. Por ser um mundo aberto praticamente, Immortals: Fenyx Rising faz questão de te dar ferramentas para que a exploração ocorra de maneira suave. É o caso das Asas de Dédalo, que o jogador usará bastante durante a jornada.
A história é simples, mas a aventura de Immortals: Fenyx Rising é bastante ambiciosa. Salve os deuses de Tifão de catacumbas pra lá de sinistras com o apoio de algumas armas e de sua mente também.
Em termos narrativas, não espere uma história ao nível dos desafios de God of War, até pelo fato de que Immortals: Fenyx Rising é extremamente mais leve. Como Tífon retornou das profundezas do Tártaro, ele busca acabar com todos os deuses do Olimpo, em especial Zeus. Assim, ele amaldiçoa outros quatro deuses e os retira do Templo Principal da Ilha, fazendo com que Fenyx, um reles mortal seja o único que pode impedir o fim do mundo. Assim, o jogador se verá basicamente com três pilares de jogabilidade que guiarão essa narrativa, a exploração, os quebra cabeças e as masmorras, quase como uma variação de The Legend of Zelda, mas que apenas se inspirou, pois inútil e até insano falar que se torna uma cópia em seu sentido estrito. Logo, depois de um leve tutorial para entender as mecânicas, o jogo da Ubisoft te deixa livre como começar.
Continuando com a mesma tríade de pilares, Immortals: Fenyx Rising abusa da exploração e da criatividade para a passagem das chamadas Câmaras do Tártaro, onde Tífon prendeu a essência divina de todos os deuses. Para aqueles que tem problema com altura será uma tortura, pois o local não possui chão, então espere por plataformas giratórias, bolas e botões dos mais distintos que devem ser pressionados de forma correta. Não é algo que inspire uma inteligência do nível de Albert Einstein, porém vai ser necessário entender o terreno e compreender cada uma das masmorras, quase como um Resident Evil. Em outras palavras, ele é desafiador, e não ficaremos triste se você buscar uma dessas masmorras no Youtube. Como você pode perceber, Immortals: Fenyx Rising detém uma suavidade ímpar da iniciativa da Ubisoft. E isso não é ruim de forma alguma. Como dito, essa é a intenção do game.
Customização e conteúdo adicional e secundário fazem com que a Ilha Dourada seja um local maior do que parece. Ou seja, tem muita coisa que o jogador poderá fazer (mas não vai precisar se quiser).
E ainda não terminou essa Análise do Guariento Portal, pelo menos os pontos positivos. Um ponto também importantíssimo para criar essa aventura da Ubisoft sem dúvida é a customização do personagem principal, muito superior por exemplo ao que acontece com Pokémon, e que a Game Freak devia aprender bastante. Além da escolha do sexo, praticamente tudo pode ser determinado pelo jogador. Seja as armaduras, as armas, o cabelo e o corte da barba, se assim desejar. Além disso, a progressão do personagem é de certa forma tranquila e um tanto linear, sem grandes percalços. Quanto mais Câmaras do Submundo ou Atividades Complementares o jogador completar, mais estará apto para elevar seus poderes divinos. Melhorar o tempo de voo e até a quantidade de vida disponível. Acreditem, vai ser necessário, pois assim como tudo nesta e na vida dos games, os desafios aumentam no decorrer da jornada.
Tudo que foi dito entretanto não seria interessante ou chamaria a atenção se acaso não tivesse uma boa longevidade. Mas isso não podemos reclamar da Ubisoft. Talvez o preço de uma maneira geral, mas a longevidade disponível em Immortals: Fenyx Rising não. Mesmo na campanha principal, é possível se divertir e não observar o tempo escorrer das mãos para Cronos. Porém, o game trás a cartada de trazer diversas missões secundárias, mas que nem mesmo por isso são irrelevantes. Antigos herois gregos caídos, mas corrompidos por Tífon, como Perseu e Atalanta podem ser derrotados. Além disso, a versão de luxo do game conta com um Passe Especial, como praticamente todos os games da Ubisoft. Assim, o game terá uma longevidade ainda maior com três DLC’s que vão mostrar histórias completamente distintas ou ainda o depois da aventura de Fenyx ao panteão olimpiano. Logo, tempo não é um problema.
No Nintendo Switch, rola uns problemas aqui, outros acolá. Enquanto que nas plataformas em geral, o jogador pode passar raiva em tantas masmorras que você certeza teve a impressão de já ter ido.
Porém, é claro que nem tudo é forjado dentro da beleza do Olimpo, e como o Tártaro, a terra além do mundo de Hades, Immortals: Fenyx Rising tem seus problemas. E uma Análise do Guariento Portal não pode deixar de destacar esse lado sombrio. Infelizmente, algo que parece se manter na versão do Nintendo Switch, sendo assim específico, é a queda de frames por segundo. Não é algo que ocorre a todo o momento, mas especialmente em situações onde aparecem muitos inimigos, é perceptível a lentidão dos ataques do guerreiro dominado pelo jogador e que afeta infelizmente parte da jogabilidade. O trabalho para que o game rodasse no console híbrido da Nintendo teve suas consequências é claro. Tirando esses eventos mais frenéticos, toda a estrutura se mantém constante dentro da plataforma, até mesmo os gráficos que no modo portátil são belos e bem feitos.
Agora, de maneira geral, e não somente na versão Switch, o game passa a pecar em duas partes. A primeira delas; a repetibilidade. Diferente por exemplo de quebra cabeças que podem ser os mais distintos possíveis, praticamente todas as Câmaras do Tártaro mantém os mesmos elementos sempre, o que corrompe, além da essência dos deuses a paciência do jogador. Pois mesmo que a longevidade seja interessante, ela existir através da repetição acaba perdendo seu grande ponto positivo. E Immortals: Fenyx Rising acaba indo por este caminho. Por mais que seja interessante a personalidade de cada olimpiano, de seus trejeitos e como Tifão prendeu suas essências e seus desafios, a resolução de todos eles se mantém nos mesmos elementos. Se por um lado a exploração de fato é única, tendo cada ambiente sua estrutura, por outro essa parte de fato deixa a desejar.
Immortals: Fenyx Rising tenta trazer um afago de novidade, mas ainda assim se amarra em momentos genéricos como as correntes que prendem Cronos.
O segundo ponto pode ser desconexo de tudo que foi dito nessa Análise do Guariento Portal, mas dá para explicar. A generalidade do título. Ou, é como chamar Immortals: Fenyx Rising de genérico. Por mais que ele apresente uma suavidade em sua história e com todos os argumentos já apresentados acima, o game da Ubisoft busca uma identidade própria. Ele até consegue chegar em alguns desses elementos, sendo um ótimo game exploratório de mundo aberto. Porém, ele não se coloca como padrão de um gênero a se distinguir. É algo que já foi visto em vários games anteriores, porém com uma pincelada nova. Isso pode ser ruim? Depende do referencial adotado. Aqui, é como se Immortals: Fenyx Rising fosse uma tentativa de se criar algo novo. Assim, é possível, quem sabe, que se tornando uma nova franquia, o game crie sua própria identidade com o decorrer do tempo.
Usando a balança de Libra, já que os signos são oriundos da Mitologia Grega podemos comparar os pontos fortes e fracos de Immortals: Fenyx Rising. E de fato, um lado se sobressai dentre o outro.
Dá pra falar por meio dessa Análise que Immortals: Fenyx Rising é divertido. Sem dúvida dá pra falar. Especialmente dado o seu tom cômico e com sua excelente localização. Lembrando que é difícil usar o termo “excelente” em qualquer outra Análise, seja de filme ou de game aqui no site. Além disso, a customização do personagem, a exploração de todo um cenário idílico e bem elegante, assim como seus encantos fazem de Immortals: Fenyx Rising um game que é um alento de criatividade dentro de uma estrutura bem mais realista que a Ubisoft ama produzir. Oriundo da mesma galera que produziu Assassin’s Creed: Odyssey, é interessante notar todo os estudos necessários para a criação do título oficial e como a equipe produziu uma aventura que pode ser colocada sim como divertida. Desde seus aspectos mais técnicos, como também de sua estrutura narrativa e até mesmo da jogabilidade e longevidade.
Entretanto, é inegável que, como apontado nesta Análise do Guariento Portal, o game não é perfeito. Se de um lado ele possui três pilares de jogabilidade, do outro apresenta três falhas que podem ser sim vistas como consideráveis. Na versão de Nintendo Switch de Immortals: Fenyx Rising, há quedas de frames especialmente em momentos cruciais de combate, o que acaba também influenciando na já dita jogabilidade. Além disso, a repetição de praticamente todos os seus calabouços e a falta de uma aura singular, mesmo que apresente uma concepção própria fazem do game da Ubisoft uma boa tentativa de angariar receitas de um público que gosta de uma aventura descontraída. Desta forma, como um primeiro passo em uma narrativa, é normal apresentar alguns problemas. Porém, os pontos positivos se sobressaem, mesmo que percam um pouco de sua efetividade. Afinal, tempo e dinheiro são bens preciosos.
Recomendado para quem? O Guariento Portal pode falar que para várias pessoas, desde que gostem de aventura. A gente só dá a dica de aproveitar uma promoção, pois os games da Ubisoft sempre passam por uma queda de preços.
Assim, Immortals: Fenyx Rising, oriundo das mentes criativas e produtivas da Ubisoft Québec é recomendado para quem, você perguntaria na Análise do Guariento Portal? E a resposta é a seguinte. Para todos que gostam de uma aventura descompromissada, com uma influência bem óbvia de The Legend of Zelda e de outras franquias de sucesso que unem calabouços, quebra cabeças e muitas funcionalidades, o game é essencial de ser visitado. Além disso, o elemento cômico dos personagens e seu pé bem forte na Mitologia Grega fazem com que qualquer amante dessas histórias veja no novo game da Ubisoft como algo que deve ser bem visto. Se estiver em promoção aliás, a versão Deluxe é especialmente recomendada, pois além do game original, as DLC’s também estarão disponíveis, alargando ainda mais o conteúdo disponível. Desta forma, se você gosta de todos esses quesitos, pode ir sem medo.
* Immortals: Fenyx Rising foi lançado originalmente em 3 de Dezembro de 2020 e desenvolvido pela Ubisoft Québec, um dos principais estúdios da empresa francesa. O game está disponível, além da versão de Nintendo Switch, alvo de Análise também para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series S/X e PC. Já especificamente sobre a Análise do Guariento Portal de Immortals: Fenyx Rising só foi possível dada a verba própria para a referida aquisição do game. Quem sabe se a Ubisoft quiser fazer uma parceria a gente consegue fazer mais e mais Análise não é mesmo? A gente aqui do Guariento Portal espera atenciosamente. Quem sabe isso algum dia não aconteça. Agora, se você curte games da Ubisoft, pode ver outras Análises aqui, como é o caso de Watch Dogs 2, por exemplo.
Números
Immortals: Fenyx Rising (Nintendo Switch)
Na pele da mortal Fenyx, o jogador tem um objetivo. Tífon, uma das mais mortais criaturas da Mitologia Grega vai se libertar do Tártaro, roubando a essência dos Deuses. Voe pela Ilha Dourada, derrote monstros e criaturas e salve o Olimpo com muito humor e diversão em Immortals: Fenyx Rising.
PRÓS
- Localização para o Português do Brasil é exuberante e excelente. Excelente mesmo!
- Mundo aberto rico e colorido, com uma boa gama de desafios uma boa trilha sonora.
- Jogabilidade em três pilares, exploração, quebra cabeça e customização. Todas bem feitas.
- Longevidade agradável com missões secundários e ainda mais com o Passe que acrescenta outras DLC's.
CONTRAS
- Problemas de performance na versão do Nintendo Switch em momentos de muito frenesi.
- Repetibilidade exaustiva das Câmaras do Tártaro e dos desafios.
- Mesmo com toda a diversão, não existe uma identidade única no game. Quem sabe na próxima?