Em termos de premiação, sempre se vem a mente os famosos títulos triple A. Neles, um orçamento robusto, assim como uma equipe de desenvolvimento são colocadas para a produção colossal de um título. E não por menos, espera-se que seja bem recebido pela crítica. Como é o caso de Ghost of Tsushima e Doom Eternal por exemplo. Dos dois títulos informados acima, os dois foram nomeados para o prêmio de Jogo do Ano. No entanto, torna-se ainda mais interessante quando um título menor, produzido por uma indie consegue também uma vaga nesse seleto grupo. É o que aconteceu com Hades, título produzido pela Supergiant Games e disponível no PC e no Nintendo Switch. Com uma jogabilidade rápida e uma história interessante, Hades consegue trilhar não somente o caminho de Zagreus para fora do Inferno. Mas também faz sua própria trilha de maneira excepcional.
Na Casa de Hades, Zagreus busca respostas, mesmo que tenha de fugir das terras de seu pai:
Primeiramente, Hades é um título ao estilo rogue like. Ou seja, em outras palavras, o jogador deverá ultrapassar salas com desafios cada vez maiores. Ultrapassando níveis até finalmente se concretizar a aventura. Basicamente, o personagem Zagreus, controlado pelo jogador, é filho de Hades, o deus dos mortos do mundo grego. E, sendo assim, o rapaz torna-se Príncipe do Submundo. Contudo, sua vontade é de deixar o mundo de seu pai, e encontrar a luz do dia. Assim, ele decide escapar do Submundo, passando por todos os níveis infernais para encontrar sua mãe, Perséfone, e entender sua história. Essa viagem torna-se interessante pois não existe apenas um único caminho. O ambiente de Hades é formado de maneira procedural, de tal forma que uma segunda tentativa de escapar do Inferno jamais será igual a primeira.
Além disso, Hades ainda mantém o estilo de morte permanente, pior ainda do que encontrados em títulos como Dark Souls. Neste caso, o jogador deverá passar por todos os desafios novamente, caso morra. Porém, como toda a ambientação e os usos, como já mencionado são gerados de maneira procedural, o que seria um defeito torna-se qualidade. Pois cada tentativa torna-se única. Junte a isso, e temos ainda as Benção dadas pelos deuses do Olimpo, que transformam a jogabilidade do game. Cada deus tem um certo atributo, e assim a fórmula de derrotar os inimigos pode ser distinta cada vez que o jogador começar uma partida. Existem várias as formas de se montar um jogo, atrelando-se habilidade e evoluindo-as de acordo com as fases do Submundo. É claro que uma vez morto, o jogador perde todas estas benção e deve retornar desde o início.
Ambiente procedural, combate frenético e inúmeras possibilidades fazem com que cada partida em Hades seja única:
Se já não fosse o suficiente, Hades ainda progride em relação ao armamentos e as habilidades inerentes do personagem. Se por um lado Zagreus perde a ajuda do Olimpo caso morra, existem melhorias que se mantém com o personagem. Assim, o título faz com que o jogador tenha de jogar várias e várias vezes, entendendo a mecânica dos personagens e de seus adversários para que finalmente consiga ultrapassá-los. Por isso mesmo, de antemão é destaque que em uma game como isso é comum morrer diversas vezes até ter a estratégia perfeita e entender como funciona cada tipo de criatura infernal. Aos poucos, o Salão de Hades desperta novas armas, que aumentam os poderes de Zagreus e que podem ser melhoradas, desde que o jogador possua os itens corretos. Não importa exatamente qual é a sua forma de jogar, existirá alguma estratégia com as várias armas que o título proverá.
Em termo de velocidade, como já dito, Hades é extremamente dinâmico. Assim, haverão momentos de frenesi em termos de ataques com os adversários. No entanto, raros são os casos em que ocorrem alguma queda de qualidade. Infelizmente, os frames caem de vez em quando. No entanto, não é algo a todo o instante e ainda assim, toda a parte gráfica se mantém constante. As criaturas são bem produzidos, tendo uma própria história que pode ser acessada dentro do jogo. Além disso, o próprio conceito de Submundo, trazido da Mitologia Grega é igualmente exuberante. Tártaro, Asfódelo, Elíseos e Estige são as fases que o jogador encontrará. Enquanto o Asfódelo é o rio em chamas que se espalha pelas pradarias infernais, o Elíseo é exuberante em flora, deixando que todas as almas virtuosas tenham sossego. Os cenários sem dúvida são dignos de aplausos e mostram a competência da Supergiant Games.
Não basta ter todos os requisitos de jogatina e técnicos, a história é cativante e cada personagem possui sua própria alma:
Além deste cenário, destaca-se em Hades tanto a sua trilha sonora quanto a história de fundo. No primeiro ponto, a trilha consegue acompanhar a narrativa com certa maestria. Em especial nos grandes vilões de fases, os arranjos são próximos ao rock, em um claro momento de velocidade necessária do jogador. Assim como em momentos mais calmos, é possível entender a ambientação de cada fase. O Elíseos, por exemplo, com sua sonoplastia completamente distinta do Tártaro, a região mais profunda do Inferno. Já em termos de narrativa, o título pode não ser extremamente inovador quanto em sua postura, mas ainda assim sabe como contar uma história. Mesmo morrendo várias e várias vezes, é fundamental que o jogador fale com todos os membros da Casa de Hades, assim como entenda o motivo dos Olimpianos o estarem ajudando.
Aos poucos, o jogador consegue imergir completamente na história do Príncipe Zagreus e nos problemas que o Imperador Hades busca não revelar. Esse ponto destaca inclusive a preocupação da Supergiant Games em focar não somente em quesitos técnicos, como também em uma história interessante. Aliás, todos os personagens ali presentes possuem uma espécie de alma própria. Embora possam ser mencionados como NPC’s, cada um tem suas próprias atitudes, suas próprias almas. E assim, torna-se interessante observar ainda mais como o mundo de Hades, embora sombrio na maior parte das vezes também é igualmente vivo e interessante. A estética dos deuses e sua dublagem também é única e trazem uma espécie de frescor em tudo que já foi visto em relação a mitologia grega.
Poucos deslizes que não impactam em nada a dinâmica de Hades. Nem mesmo a necessidade exagerada para se conseguir o derradeiro final:
É claro que, com tamanho sucesso, alguns deslizes são cometidos dentro de Hades, e isso não é possível não relevar. Embora não afetem em grande escala a qualidade do título. Como falado anteriormente, no Nintendo Switch, o título engasga em determinados momentos. Em especial quando muitos adversários aparecem em tela e os ataques são extremamente poderosos. É possível perceber travamentos bem rápidos. Outro ponto também é o destaque ao verdadeiro final do título. Por mais que o título tenha uma longevidade interessante, o jogador terá de conquistar o mesmo final nada menos do que dez vezes para obter de verdade o fechamento do título. Mesmo que cada jogatina seja única, alguns jogadores podem não se sentir a vontade de repetir tudo novamente, ainda mais dez vezes para entender finalmente a história de Zagreus.
Hades é um game que merece todos os louros de seu sucesso em 2020. Ambientação, parte técnica, trilha sonora, jogatina e diversão unidos em um único produto. A fuga do Inferno é difícil, mas extremamente divertida:
Como dito, Hades é de certa forma um game espetacular ao unir um estilo próprio da Supergiant Games, já visto em títulos como Bastion e Transistor em mais uma aventura que parece ser o Olimpo do estúdio. Isso pelo fato de que, com o seu trabalho conseguiram ao mesmo tempo trazer uma diversão adequada dentro de um estilo que poderia facilmente se tornar repetitivo. Porém, com a forma procedural de ambientação, assim como a ideia de morte permanente e diversas formas de se conquistar o objetivo, o título não se firma em algo travado. Pelo contrário, cada jogador terá uma forma específica, ou várias formas de conseguir escapar do Inferno. Que, ademais, é um espetáculo em suas ambientação, em seus subníveis e na criação de personagem. Dificilmente o jogador não será pego apreciando o ambiente, fazendo carinho no Cérbero ou escutando a trilha de fundo.
Os diminutos erros que ocorrem na versão de Nintendo Switch são míseros e não influenciam de maneira considerável no impacto que Hades causa no jogador. Claro que as quedas de frames estarão disponíveis, mas isso não afeta a jogabilidade frenética a ponto do jogador se perder ou ter uma derrota por problemas técnicos. A questão do final é de cunho bastante pessoal, sendo que para alguns pode ser uma espécie de agrado para continuar a jogatina. Porém, para outros pode se tratar apenas de uma repercussão negativa, em repetir os mesmos padrões, mesmo que em um ambiente procedural. No fim das contas, o título, que está disponível no híbrido da Nintendo merece todos os louros de sua qualidade absurda. Tanto tecnicamente, como em níveis de jogabilidade e diversão, o game é viciante ao extremo. E sim, Hades mereceu com maestria o destaque que teve em 2020.
Veja mais no Guariento Portal se gostou desta análise de Hades, game disponível para o PC e para o Nintendo Switch. Não deixe de comentar também, pois é muito importante para o crescimento e desenvolvimento deste Portal!
Se você gostou da análise do game Hades, produzido pela Supergiant Games, saiba que o Guariento Portal tem um espaço dedicado para o mundo dos games. Em relação a Hades, é importante destacar que o título já participou de duas listas do Guariento Portal. A primeira delas dos quatro títulos mais bem avaliados que foram lançados para o Nintendo Switch. E a outra de títulos da Supergiant Games que merecem ser vistos. Já em termos de análises, você pode gostar de outras, como e o caso de Spirit Camera: The Cursed Memoir, spin-off da franquia Fatal Frame para o Nintendo 3DS, Aragami: Shadow Edition no Xbox, assim como The Crown Tundra, a DLC de Pokémon Sword e Shield. Em termos de dicas, temos Ornstein e Smough, duas criaturas conhecidas no Universo de Dark Souls, que está disponível também no canal do Youtube do Portal.
* Atualmente, Hades é um game único e está disponível para PC e Nintendo Switch. Aliás, na Steam ele se encontrava em acesso antecipado desde 2019. Produzido pela Supergiant Games, o título é um dos que já estão disponíveis na eShop do Brasil desde seu início de operação. Além dele, outros três games já foram produzidos pelo estúdio norte-americano. Bastion e Transistor, seus primeiros jogos, que possuem versões para o Nintendo Switch, e Pyre, bem mais ao estilo RPG, que está disponível para o PlayStation 4 e PC.
Números
Hades
Sensação de 2020, Hades é um rogue like produzido pela Supergiant Games que merece todos os louros de excelência no Nintendo Switch.
PRÓS
- Dificuldade impecável, com a evolução progressiva do desafio de sair do Inferno.
- Personagens únicos e extremamente carismáticos, cada um com sua parte na história.
- Ambientação distinta demonstrando as mudanças nos níveis do Submundo.
- Jogabilidade rápida e fulminante, com diversas possibilidade de se chegar ao objetivo.
- Trilha sonora que colabora ativamente com o percurso do jogador.
- Extremamente divertido e altamente viciante, fazendo o jogador tentar mais e mais.
CONTRAS
- Em momentos de frenesi, o game perde um pouco em performance.