Poucos são os personagens que tem mais encarnações do que Link, de The Legend of Zelda. Na verdade, praticamente em cada jogo, salvo exceções (como Ocarina of Time e Majora’s Mask) temos um Link diferente. É como se o nome “Link” fosse na verdade um pseudônimo para diversos heróis no decorrer da história. E tal como o grande clássico do Nintendo 64, The Legend of Zelda: Phantom Hourglass, lançado em 2007 para Nintendo DS é uma sequência direta e praticamente natural de Wind Waker do Game Cube. Depois de derrotar Ganondorf em uma Hyrule submersa, o mundo continua aprisionado em um Dilúvio, e cabe agora Link salvar Tetra, que é ninguém menos que a Princesa Zelda. Para isso, precisará visitar ilhas com desafios distintos, a bordo de seu barco, o SS Linebeck. Assim, nesta análise, vamos ver se essa aventura é digna do nome Zelda.
Cel-Shaded de Legend of Zelda: Wind Waker. Mas perfeito no Nintendo DS:
Primeiramente, e por lógico ao se ver as primeiras imagens, o que se destaca em Phantom Hourglass é seu estilo gráfico. Quer queira ou não queira, o modo cel-shaded de ver o mundo, puxado inclusive por Wind Waker nos consoles de mesa funciona tão bem ou até melhor na tela do Nintendo DS. O novo mundo de Hyrule, completamente inundado, com ilhas em determinados locais é vibrante e com uma paleta de cores bastante alegre. Os personagens, embora não emitam sons são bem produzidos ao ponto de que suas faces transmitam as sensações necessárias. Dentro do portátil de duas telas, o game se sai muito bem ao juntar técnica e preciosismo gráfico, uma vez que mesmo com todos os cenários em três dimensões, não há queda de frames. Até mesmo dentro do barco e sua imensidão azul, ou quando se está em combate.
E falar de Zelda logicamente trás uma referência direta a suas dungeons. E em Phantom Hourglass, muito pela questão de seu próprio antecessor, elas aparecem com certa similaridade. Porém, deixam seu próprio aspecto. Dentro de um título portátil, elas são desafiadoras e até mesmo grandes e inteligentes. Ciela, a fada que faz a vez de Navi de Ocarina of Time está presente e auxilia tanto do decorrer da história quanto na jogabilidade ao mostrar ao jogador o que deve ser feito. Aos poucos, e sem muita dificuldade, o jogador começa literalmente a embarcar nesta jornada pelos mares gigantes do que já tinha sido Hyrule. Até mesmo durante o percurso para as ilhas necessárias, a trilha sonora é cativante. Alegre, ela consegue mesclar bem a estrutura de The Legend of Zelda: Phantom Hourglass bem mais “tranquilizadora” do que acontecia por exemplo em Majora’s Mask e Twilight Princess.
Jogabilidade que se encaixa quase que como uma luva dentro das condições do portátil. A segunda tela tem sim, e muita utilidade:
Contudo, mesmo que do aspecto técnico Phantom Hourglass tenha suas peculiaridades, que mais uma vez foram bem adaptadas, sem dúvida no que ele se sai melhor é o uso da segundo tela do Nintendo DS. Como primeira entrada da franquia no portátil, havia o questionamento de como sua jogabilidade utilizaria a tela inferior do portátil. E a resposta foi dada pela própria Nintendo com muita naturalidade. Desde os ataques de Link dentro das masmorras ou em terra firme como o barco do personagem podem ser guiados pela tela sensível ao toque. Em alto mar por exemplo, é possível marcar o local exato, ao mesmo tempo em que se torna mais útil observar o mapa da região. Além disso, o controle contra armadilhas, o ataque com canhões também é rapidamente utilizado com um simples toque da stylus, encaixando com certo zelo essa utilidade da segunda tela.
A navegação em si em alto mar, que acabava se tornando um problema em Wind Waker por ser cansativa, Phantom Hourglass faz a mesma analogia ao arsenal de Link. Além de serem mais fáceis de utilizar, itens como bumerangue por exemplo, são simples. Basta que o jogador desenhe de maneira correta o trajeto na tela de baixo do Nintendo DS que o item realizará o comando. Até mesmo a batalha mais corporal, como quando Link usa uma espada pode ser vivenciada com a stylus. É claro que nesse último caso alguns problemas podem acontecer, como uma demora na resposta do jovem herói para o que o jogador realmente está pedindo, embora não seja algo extremo. Até mesmo o microfone sendo utilizado para finalizar algumas masmorras. Sendo assim, um excelente passo da equipe de produção ao mostrar cuidado com o desenvolvimento do game e seu capricho na jogabilidade.
Modo online como um plus para uma aventura que já possui conteúdo suficiente:
Em si, a aventura de The Legend of Zelda: Phantom Hourglass é grande o suficiente com momento bastante agradáveis em sua narrativa. A exploração de cada canto das cartas náuticas, assim como a imensidão do oceano azul, que pode inclusive trazer itens valiosos como piratas permite que a jogatina seja constante e se mantenha em um mesmo ritmo. Claro que, depois de seu término, não há muito o que fazer dentro do universo do game, embora seja bastante recompensador as horas dentro da aventura principal. É basicamente uma das poucas franquias em que seu modo história já é acolhedor o suficiente para que não se exija um momento post-game. Como uma espécie de recompensa, mesmo assim, há ainda um modo online para até seis jogadores dentro do título. Não é algo incrível, mas é uma aquisição interessante para quem gosta de uma jogabilidade ao estilo pique esconde.
Falta um pouco de vida vilanesca dentro desse Grande Mar. E que falta faz o Ganondorf, ou outro vilão carismático:
The Legend of Zelda: Phantom Hourglass, infelizmente, não está imune de problemas, mesmo com suas qualidades e com o bom uso de toda a estrutura do Nintendo DS. E a que mais se sobressai é sua história e a falta de um antagonista a altura. Nisso, o game peca com bastante categoria. Na história, uma espécie de navio fantasma sequestra Tetra, vulgo Zelda, então Link e Lidenbrock, o dono do navio, devem partir pelos mares para encontrar a Princessa e resgatá-la, assim como encontrar a Ampulheta Fantasma. O problema é que essa aventura não possui um grande adversário como em outras entradas da franquia. Não há uma espécie de charme como os grandes antagonistas da franquia minimamente possuem, fazendo da narrativa de resgatar a Princesa ainda mais fraca. Bellum, que é o grande antagonista simplesmente passa despercebido, mesmo que a luta final seja bem interessante e bem produzida.
Outro ponto que merece um destaque negativo e que foi pincelado anteriormente é que, embora o uso da stylus seja otimizado na navegação, nas batalhas ele não se encontra dessa forma. Como falado, o uso de itens de fato é muito prestigiado, mas as batalhas corpo a corpo com espada com adversários de armadura podem parecer um verdadeiro martírio. Isso ocorre pois nem sempre a tela sensível ao toque responde exatamente com o comando que o jogador desejou naquele momento, podendo fazer algum outro tipo de comando. É o clássico exemplo em que quando Link deve fazer um giro com a espada ele acaba dando uma estocada, e assim o inverso. Não é algo terrível como falado, mas que precisaria de uma melhoria em uma continuação, uma vez que o primor dos oceanos e sua navegação não tediosa como em Wind Waker não se uniu as batalhas.
No fim das contas, The Legend of Zelda: Phantom Hourglass é astuto e belo como o mar azul. Com alguns pequenos perigos, que com cuidado, o jogador não cairá em suas armadilhas:
Assim sendo, a essência de toda a franquia está presente em The Legend of Zelda: Phantom Hourglass, o primeiro da franquia para o Nintendo DS. Sua arte gráfica puxada de The Wind Waker combina com primor para o portátil, trazendo uma ambiente em três dimensões com câmera fixa alegre. A navegação pelo Oceano é bem prática, assim como o uso dos itens, que são aprendidos sem muitos destaques pelos jogadores. As masmorras continuam as mesmas da franquia, com quebra cabeças consistentes e perigos constantes. Assim, é necessário usar um pouco mais de massa encefálica antes de sair matando todos os adversários. E é exatamente esta exploração, e seu tempo são condizentes com a estrutura. A customização do barco, as encenações dos personagens deixam ainda mais charmoso o game portátil. Não temos mais Ganondorf, mais o mundo pós-apocalíptico da Grande Inundação é vívido e mantém o ritmo no jogador.
Infelizmente, o ponto que mais se destaca de maneira negativa é a história do próprio game. Não que ela seja terrível, ou sem graça. Mas é que seu antagonista é simplesmente esquecível. Não há bom uso deste personagem ou sua história, estando ali apenas para ser o representante da ordem do caos dentro do universo de Zelda. Bellum, seu nome é simplesmente esquecível. Há também o problema pontual de nos momentos das batalhas a tela sensível ao toque não conduzir tão bem a jogabilidade quanto o necessário. Mesmo assim, o game de forma alguma mancha a franquia. Pelo contrário, é uma excelente entrada usando as funcionalidades do portátil dentro de sua própria narrativa. De outra forma, The Legend of Zelda: Phantom Hourglass tem o coração e a alma de Zelda, bem produzidos e com pouquíssimos erros. O mar, assim, nunca foi tão bom de navegar.
Veja mais no Guariento Portal se gostou desta análise de The Legend of Zelda: Phantom Hourglass. E saiba que você pode jogar esse game também no Nintendo 3DS. Aproveite o aniversário de 35 anos da franquia e retorne a este mundo! Não deixe de comentar também, pois é muito importante para o crescimento e desenvolvimento deste Portal!
Se você gostou da análise de The Legend of Zelda: Phantom Hourglass produzido pela Nintendo, saiba que o Guariento Portal tem muito mais. Dentro do Universo Zelda, temos a Análise de Ocarina of Time 3D, para o Nintendo 3DS. Agora, em outros mundos, temos House Flipper, da Empyrean, Marvel Ultimate Alliance 3: The Black Order da Tecmo Koei, Hades, da Supergiant Games, Jotun: Valhalla Edition da Thunder Lotus, Spirit Camera: The Cursed Memoir, spin-off da franquia Fatal Frame para o Nintendo 3DS, Aragami: Shadow Edition no Xbox Series S, assim como The Crown Tundra, a DLC de Pokémon Sword e Shield. Em termos de dicas, temos Ornstein e Smough, duas criaturas conhecidas no Universo de Dark Souls, que está disponível também no canal do Youtube do Portal, assim como games que estão disponíveis para o Nintendo Switch com a alma de Dark Souls.
* The Legend of Zelda: Phantom Hourglass foi lançado originalmente em 2007 para o Nintendo DS. Sendo assim, essa análise só foi possível por ter sido uma aquisição própria do redator, que possui um Nintendo 3DS para a referida análise. Vale destacar que o game também se encontra no Virtual Console do Nintendo Wii U. Porém, o alvo da análise do Guariento Portal foi sua versão original para o Nintendo DS.
Números
The Legend of Zelda: Phantom Hourglass (Nintendo DS)
Sequência direta de Wind Waker entre no seu barquinho e busque tesouros perdidos em The Legend of Zelda: Phantom Hourglass de forma portátil.
PRÓS
- Estilo artístico em cel-shading combina perfeitamente com o portátil.
- Uso otimizado da tela sensível ao toque na exploração do mundo.
- Dungeons bem construídas, inteligentes e de bom tamanho e dificuldade.
- Longevidade adequada, com dungeons bem construídas e com ótimos desafios.
- Trilha sonora e gráficos que usam muito bem a força do portátil.
CONTRAS
- Narrativa não é a melhor da franquia. Falta um antagonista de peso.
- Em batalhas corpo a corpo, há uma demora na resposta do título.