A partir da década de 10 do século XXI, o gênero terror foi para um caminho de trazer suas antigas franquias de volta ao público. Refilmagens de clássicos, seguindo a cartilha do mais sombrio foram feitas por Hollywood. É o caso de A Hora do Pesadelo, Sexta Feira 13 e o Massacre da Serra Elétrica. Cada um a seu critério, todos mantinham uma similaridade, o uso de filtros extremamente escuros e o abuso do sangue para trazer um contraponto bem mais tenebroso. E, dentro desse grupo surge a refilmagem de Evil Dead, que no Brasil é conhecido como A Morte do Demônio. O filme original, produzido por Sam Raimi trazia sua identidade com altas doses de humor pastelão com possessão. Não é o que aconteceu com esta refilmagem. É claro que com esta Crítica do Guariento Portal, você saberá se A Morte do Demônio (2013) vale a pena!
Esqueça a sombra de comédia que existia no Original. O tom de A Morte do Demônio (2013) é apavorante e aterrador. E no bom sentido.
Primeiramente, esqueça o tom mais escrachado do original produzido por Sam Raimi, pois a refilmagem é de fato bem mais sombria e violenta que seu antecessor. E por isso, sem dúvida alguma sua principal arma de identidade. O roteirista e diretor, Fed Alvarez produziu uma história baseada em totalmente no terror. As cenas são chocantes e abusam da maquiagem e de todos os efeitos plásticos para mostrar a história de possessão de Mia. Antes uma garota viciada em drogas, ela parte com seu irmão e um grupo de amigos para se desintoxicar em uma cabana numa floresta. O problema é que a cabana guarda um livro capaz de liberar uma entidade vil que imediatamente possui o corpo de Mia. O livro, Necronomicon é lido por um dos amigos e então é aberto o portal para as cenas mais chocantes que podem ser visualizadas em um filme de terror.
Vale destacar que existem longas que estão presentes apenas para chocar. É o que se chama de exploitation. No caso, a franquia O Albergue é um exemplo crasso de que a história não é tão fundamental, mas sim as cenas de violência altamente explícita. No entanto, A Morte do Demônio (2013) consegue trazer uma história que não é deixada de lado. Por ser uma viciada em drogas, Mia é a primeira a sofrer os problemas da possessão, porém ninguém acredita nela justamente por achar que se trata do efeito da reabilitação. É então que aos poucos o grupo passa a sofrer, como em uma pandemia. A entidade passa a controlar cada um, com cortes profundos e muito, mas muito sangue escorrendo pelas telas. Praticamente tudo que é visto na tela utilizou-se de efeitos práticos. Que merece elogios de todas as formas pelo bom uso da técnica.
A história corre de forma agradável, com alguns problemas. Porém, a produção ao usar efeitos plásticos tornam tudo tão orgânico e ainda mais sanguinolento.
Junto dessa característica de abusar de cenas de alto impacto, um problema ocorreria se a história se desvinculasse de sua estrutura. Lembre-se que diferente do original, A Morte do Demônio (2013) aposta todas as suas fichas em um terror sem pudor algum. No entanto, se a história tem um prólogo que já demonstra o que está por acontecer e um primeiro ato tranquilo, mas denso ao demonstrar a vida de Mia, é no segundo ato que tudo passa a desandar para a vida dos personagens. Não há furos consideráveis de tal forma que o roteiro se perde em sua própria identidade. Pelo contrário, quando a entidade já toma posse da garota, a sensação de suspense e a ideia de perigo fica cada vez mais evidente. Há uma clara ideia de imersão dentro de A Morte do Demônio (2013) que dificilmente alguém sairá antes de conhecer o final do filme.
A boa produção também merece ser comentada. Os planos conseguem trazer uma iluminação que permita o espectador saber exatamente o que está acontecendo na cena. E da mesma forma, os planos, normalmente muito próximos dos personagens revelam os detalhes de mutilações, feridas e instrumentos correlatos utilizados em A Morte do Demônio (2013). Estranho destacar, mas diferente de refilmagens ditas tradicionais, que buscam manter todos os argumentos e instruções de suas histórias originais, a mudança de tom presente é tão grande que A Morte do Demônio (2013) é outro filme. Tem suas pontas unidas ao filme original de 1981, porém acaba se tornando uma nova criatura. Sua estética consegue se unir a brutalidade das cenas, fazendo um dos filmes que sem dúvida representam o estilo puro do gore voltado ao terror. Assim, é necessário que antes de tudo, o espectador esteja preparado para a realidade que irá se chocar.
Infelizmente, os personagens não são tão carismáticos assim e o uso de tantas cenas de impacto inibe o clímax, o terceiro ato do filme:
Entretanto, A Morte do Demônio (2013), se por um lado não pode ser comparado completamente com o original, por outro apresenta problemas por exatamente não poder ser comparado. Um desses pontos é a falta de inteligência completa de seus personagens. O que faz com que a história continue a correr por atos completamente falhos de quem as executa. Com a exceção de Jane Levy, que faz o papel de Mia, todos os outros personagens estão presentes apenas para serem isca para o demônio kandariano da história. Chega-se a ter certa similaridade entre a personagem de Levy com a de Linda Blair em O Exorcista com Pazuzu, uma vez que as cenas mais atormentadoras dentro do filme ocorrem por sua presença. Assim, já se sabe por parte do espectador que a maior parte daquele grupo padecerá pela mão do Livro dos Mortos e de sua equivocada invocação.
Um segundo ponto que também merece destaque é o terceiro ato. Obviamente, ele apresenta qualidades essenciais como o abuso de efeitos plásticos e o iminente perigo, com direito a chuva de sangue e braço arrancado para sobrevivência. Contudo, a questão é que no decorrer de A Morte do Demônio (2013) a tantos desfechos de clímax que, ao chegar ao derradeiro fim da narrativa, o espectador já se encontra confuso em saber o que está acontecendo, e isso não é um elogio. São tantas cenas poderosas que ocorrem no decorrer da possessão e da morte dos amigos de Mia que ao fim, da batalha final, praticamente tudo que é apresentado é mais do mesmo com uma ameaça sobrenatural agora no mundo real. Apenas isso. Mesmo com todos os easter-egg’s que quem acompanhou o filme original de 1981 pegou em cada detalhe.
Visceral é uma das palavras que perfeitamente entram no vocabulário de A Morte do Demônio (2013). Com o uso correto do efeito plástico, tudo fica ainda mais perturbador, mesmo que o espectador já conheça minimamente a história.
No fim das contas, A Morte do Demônio (2013) pode beber da fonte original do filme de 1981, porém tem outra identidade. Mesclando gore e terror até a enésima potência, o longa perde toda a carga humorística para se focar em uma história violenta e sombria, o que foi uma excelente alternativa ao se contrapor ao original. Sendo que na verdade, essa refilmagem trata-se de uma continuação. Com uma direção correta, boa trilha e uma história que trás alguns sentidos melhores que o original, como o da protagonista ser uma viciada em entorpecentes e como isso impacta o relacionamento dela, de seu irmão e de seus amigos. O uso de efeitos puramente plástico torna cada cena ainda mais orgânica, claro que com exageros. Assim, é possível dizer com total propriedade que A Morte do Demônio (2013) tem uma direção que busca uma forma de terror dura, e consegue com perfeição.
É claro que existem tropeços. A Morte do Demônio (2013) trás seus próprios problemas. A estupidez alheia dos personagens relembra que a história, que não cria barrigas nos momentos de alta carga dramática poderia ser mais bem produzida com resoluções menos problemáticas. Assim, o filme poderia adquirir ainda mais uma carga aterradora. Essa estupidez também é vista, por exemplo, em A Maldição de Chorona e Annabelle 3: De Volta para Casa. Da outra órbita, o filme apresenta tantas cenas violentas e chocantes que, em seu terceiro ato, não há o que mostrar para ser ainda mais chocante. Assim, o embate entre a personagem e o demônio Kandariano perdem sua potência de ser o derradeiro momento. Mesmo assim, como filme de terror, A Morte do Demônio (2013) é mais do que uma refilmagem, é um novo ponto de vista violento, drástico e aterrador do que o cinema de terror pode fazer.
Veja mais no Guariento Portal se gostou desta Crítica de Evil Dead ou A Morte do Demônio (2013). O filme, embora esteja incluído no conceito de “remake sombrio” é uma nova história, muito mais focado na violência e na sanguinolência. Não deixe de comentar também, pois é muito importante para o crescimento e desenvolvimento deste Portal!
Gostou da nossa Crítica com A Morte do Demônio? Pois saiba que o Guariento Portal não vive só de games, mas também de filmes. Aqui, você pode encontrar análises de ambos os tipos. Já no mundo dos filmes, é interessante notar que nossa aba de Revisitando o Passado, é possível encontrar crítica de filmes antigos, como os da franquia Hellraiser (Renascido do Inferno e Renascido das Trevas), assim como O Enigma de Outro Mundo de 1982 e a franquia Indiana Jones, como O Templo da Perdição e Os Caçadores da Arca Perdida. Já destacando os longas de terror, o Guariento Portal tem uma lista de filmes que já produziu uma crítica, como é o caso da Família Anabelle (Filmes 1, 2 e 3), A Freira, Verdade ou Desafio (2019), O Grito (2020), Brinquedo Assassino (2019) e Halloween (2018). Esperando o que para conferir mais Críticas?
* Embora It: Capítulo Dois tenha utilizado uma quantidade gigantesca de sangue em uma de suas cenas, A Morte do Demônio (2013) detém um recorde sobre esse tema. Como você viu acima nesta Crítica, o longa abusa de sangue, e para tal, a direção contou com cerca de 200 mil galões de sangue falsos para usar no filme. Um quarto dele, cerca de 50 mil foram usados na cena final, onde ocorre uma chuva de sangue para todos os cantos. Então, até o presente momento, este é o filme até a cena mais sanguinolenta do cinema.
* O longa, devido ao seu conteúdo possui restrição de idade. Por isso, diferente de outras Críticas que aparecem no Guariento Portal, esta não possuirá vídeos, cabendo apenas imagens.
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A gente sabe que, se você chegou nessa Crítica de Evil Dead, ou melhor dizendo, A Morte do Demônio, é que você tem interesse no gênero terror. Não precisa mentir! Nós do Guariento Portal sabemos. E é por isso que a Submarino sempre faz questão de pensar naqueles que gostam dos mais variados quesitos. E aqui, não somente tem DVD’s do longa original, que aqui foi traduzido como Uma Noite Alucinante, como também de outras franquia do gênero. Então, caso esteja interessado, veja essas promoções da Submarino e clique para ser feliz e ter o melhor do terror dentro de sua casa. Assim, você se ajuda e ajuda também o crescimento do Portal para que possamos continuar a fazer Crítica, Análise e Curiosidade do mundo dos filmes e dos games.
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Números
A Morte do Demônio (2013).
Trazendo uma pincelada do filme original, A Morte do Demônio (2013) é um trabalho notável, tenebroso e muito violento com ótimo uso dos efeitos plásticos e cenas altamente perturbadoras.
PRÓS
- Ótimo uso de maquiagem e efeitos práticos.
- Direção competente a manter o estado das coisas em pleno suspense.
- Guinada para o terror foi altamente justificada, criando uma outra e nova atmosfera.
- Mia, a personagem principal mantém a carga do longa atuando bem.
- Extremamente impactante em suas cenas, se tornando divertido pra quem gosta do tema.
CONTRAS
- Os outros personagens são apenas iscas para o demônio, sem nenhum carisma.
- Existem tantas cenas de alto impacto, que o ato final perde sua importância.